Eleito prefeito de São Caetano com 63,35% dos votos válidos, Paulo Pinheiro (PMDB) celebrou a libertação dos 30 anos consecutivos de gestões petebistas ontem ao lado de centenas de populares na Avenida Presidente Kennedy. Ele convocou a população para governar ao lado dele e pregou esquecimento da gestão de José Auricchio Júnior (PTB).

"O povo venceu a máquina. A Prefeitura estará aberta e eu nas ruas ouvindo o que a população quer, ela vai me auxiliar. Vou buscar até quem não quer participar. Não quero pensar em coisas ruins, quero que fiquem no passado. E coisa boa será a partir do dia 1º de janeiro (de 2013) quando eu assumir a Prefeitura e devolver a qualidade dos serviços para o povo", disse.

Desde às 19h, quando a filha de Pinheiro, Gislaine, a Gica, anunciou a vitória na apuração paralela, começou a festa. "Acabou a arrogância e a perseguição", destacou ela.

O prefeito eleito chegou pouco depois à celebração acompanhado pela mulher, Graça, e foi ovacionado. Muitos populares o agarraram e beijaram. A vice-prefeita eleita, Lucia Dal'Mas (PMDB), se emocionou e comemorou com os olhos marejados. Fogos de artifício e o consagrado jingle embalaram a comemoração da ‘quebra das algemas'.

A eleição de Pinheiro se torna emblemática por ter desbancado a da candidata governista, Regina Maura Zetone (PTB), afiançada por Auricchio e que contou com ampla estrutura de campanha. A petebista aliou 19 partidos em sua base contra quatro legendas no arco do peemedebista.

O PMDB retorna ao comando do Palácio da Cerâmica após três décadas. Raimundo da Cunha Leite foi o último da sigla a governar de 1977 a 1982.

Pinheiro se consolidou em meio ao racha no governo. Após ser preterido da escolha do postulante à sucessão de Auricchio, organizou amplo grupo de descontentes com a atual gestão e trocou o PTB pelo PMDB alegando falta de democracia.

O prefeito eleito definiu a originalidade como principal acerto da campanha. "Fui às ruas e mostrei quem eu era e o que queria para São Caetano." Ele destacou que reproduziu o trabalho político de quatro mandatos, ou 16 anos, de vereador.

Troca de ofensas e rivalidade marcaram a disputa pelo Paço entre Pinheiro e Regina. Auricchio comandou a investida petebista e foi autor da acusação de que ele teria apoio oculto do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, do PT. Mesmo assim, o chefe do Executivo adotou postura republicana e telefonou para o peemedebista para dar os parabéns, além de colocar o secretariado à disposição para iniciar a transição de governos.