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Em vez de matar, agredir

Não faz muito tempo, a luta pelo poder incluía o assassínio dos adversários

Carlos Brickmann
15/10/2008 | 00:00
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Não faz muito tempo, a luta pelo poder incluía o assassínio dos adversários. Não bastava derrubar a monarquia, era preciso matar toda a família real.

Hoje em dia a eleição é uma fórmula menos sangrenta de luta pelo poder. Mas os apetites, as tensões, os ódios são os mesmos. Não vale matar, mas ainda há truques sujos (como o do candidato Eduardo Paes, dono da máquina administrativa fluminense, que usou o painel eletrônico do Estádio do Maracanã para fazer propaganda). Não vale matar, mas se usa mentir - como dizer, sabendo que é falso, que o adversário quer privatizar até o Palácio do Planalto. Não vale matar, mas vale esquecer a biografia e a trajetória política, como fez Marta Suplicy.

Marta é uma pessoa notável, interessantíssima. Tem defeitos, mas grandes qualidades. Como prefeita, tomou iniciativas de largo alcance, especialmente em transporte e educação.Ao longo de sua carreira, desafiou tabus, tocou em assuntos que ninguém mencionava, lutou contra preconceitos. E é isso que torna mais grave a grossura de sua campanha - que, em queda, tentou explorar a vida pessoal do adversário, o prefeito Gilberto Kassab. Pior do que a baixaria foi a explicação: ela não sabia de nada, o marqueteiro é que cuidava, sozinho, da publicidade. Não é verdade, claro. E, se fosse, seria inevitável a pergunta: se Marta não é capaz de controlar nem o marqueteiro, como pretende controlar uma Prefeitura?

Entre o risco de perder a eleição ou jogar fora sua biografia, Marta preferiu jogar fora a biografia. E tudo indica que vai perder a eleição.

CHEGA DE ERRAR
Muita gente - inclusive jornalistas - resolveu retaliar a baixaria da campanha de Marta, levantando baixarias semelhantes contra ela. É um erro, um erro político e moral. Moral, porque quem condena certo tipo de atitude não pode adotá-lo. E político, porque tudo indica que a baixaria se voltou contra quem a fez.

SINAL DOS TEMPOS
Se o caro leitor encontrar na rua com o chefe do Serviço de Meteorologia carregando um guarda-chuva, é lícito imaginar que vai chover. Quando o símbolo da campanha do PT viaja bem no início do segundo turno e marca a volta para as vésperas da votação, pode-se imaginar que prefere descolar sua imagem da dos companheiros que serão sacrificados nas urnas. Pela decisão do presidente Lula, a situação da maior parte dos candidatos do PT no segundo turno parece difícil.

BRIGA PÓS-ELEITORAL
Olho em Salvador: já na posse dos novos vereadores deve haver confusão na Câmara Municipal. O travesti Leo Kret, ou Alecsandro de Souza Santos, do PR, foi eleito vereador. Pelo regimento interno, é Alecsandro, e tem de vestir terno e gravata. Mas foi eleito como Leo, seus eleitores o conhecem como travesti, e ele pretende "usar um tailleurzinho, escarpins e maquiagem bem sóbria". Não é uma questão simples: Leo se considera do sexo feminino e é assim que seus eleitores o vêem. Como contrariar quem o elegeu? Ah, claro: banheiro, só feminino.

PAGA, LEITOR!
O Tribunal de Justiça de São Paulo alugou, por pouco mais de R$ 600 mil mensais, o antigo hotel Hilton, no centro da Capital, para nele instalar o gabinete dos desembargadores. O prédio - onde por muitos anos ficou o hotel mais luxuoso da cidade - foi inteiramente reformado. Só que a reforma terminou há mais de um ano e o prédio continua vazio. Os desembargadores ocupam outro prédio, numa das regiões mais valorizadas da cidade. E ninguém explica por que alugar um prédio e pagar religiosamente a mensalidade se não é para usá-lo.

PROBLEMAS DE CASAL
O processo na Câmara Federal contra o deputado Paulinho da Força, do PDT paulista, anda lentamente - beeeeeeeeem lentamente. Mas Elza de Fátima Costa Pereira, a mulher do deputado, não tem imunidade, e deve ser indiciada pela Polícia Federal, sob a acusação de lavagem de dinheiro. Elza é presidente da ONG Meu Guri, apontada como foco de desvio de recursos públicos.




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