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Documentário foca candidatos a cargo público
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
09/12/2005 | 08:38
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Em tese, inscrever-se para concorrer a um cargo político não requer prática nem tampouco habilidade em administração ou legislação públicas. Argumento este que talvez justifique o número de 1.101 candidatos às 50 vagas de vereadores no Rio de Janeiro ano passado, e que também ajuda a compreender a diferença de estratos sociais e profissionais entre os postulantes, desde pastores evangélicos até cantores de rap, de empresários a estudantes de direito. É nesse cosmo de oposições e de curiosidades que mergulha o documentário Vocação do Poder, primeiro encontro dos diretores Eduardo Escorel e José Joffily nas telas.

O detonador de Vocação do Poder são as candidaturas de marinheiros de primeira viagem para o Legislativo carioca. Os diretores escalaram seis candidatos a vereador que nunca haviam concorrido à Câmara e acompanham suas rotinas de campanha e de eleição, num intervalo de três meses, em 2004. Seis candidatos, seis partidos e seis origens geográficas diferentes.

Um panorama da diversidade, cuja precariedade reside exatamente na pluralidade partidária e nos propósitos múltiplos entre os seis retratados. Vocação do Poder não esclarece muito, mas também não questiona muito. Às vezes resigna-se a expor o mecanismo político pelo qual operam seus diferentes candidatos, com um só discurso na ponta da língua: representar a comunidade na qual estão inseridos.

Um discurso monocórdico, de frases prontas, e que, apesar disso, revela algumas anomalias éticas. Por exemplo, o empresário que almeja uma cadeira na Câmara e que conquista a simpatia de um eleitor porque “não faz promessas”; ou seja, garante um voto porque simplesmente lava as mãos, porque simplesmente escapa ao jargão político, sem contraproposta alguma. Ou o estudante de Direito, filho de um casal de políticos, que providencia para potenciais eleitores cadeira-de-rodas com propagandas no encosto ou a pavimentação de um quintal. Vocação do Poder acelera como painel, mas freia como debate sobre um organograma político em que opiniões, votos e legendas têm valor venal.

VOCAÇÃO DO PODER (Brasil, 2005). Dir.: Eduardo Escorel e José Joffily. Estréia hoje no Espaço Unibanco 2. Duração: 110 minutos. Censura: 12 anos.




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