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Mauá procura Valdirene Dardin
Por Fabrício Calado Moreira
Do Diário do Grande ABC
12/07/2005 | 08:40
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O PT e a Prefeitura de Mauá estão à procura da ex-secretária de Finanças do governo anterior, Valdirene Dardin. Só ela pode explicar o destino de R$ 230 mil, que teriam sido sacados em espécie de uma conta do Executivo, entre abril de 2003 e abril do ano passado. A Prefeitura abriu comissão de sindicância e entrou com representação no Ministério Público pedindo, além da investigação, o ressarcimento do dinheiro.

O atual titular da pasta, Adalberto Coppini Filho, diz haver irregularidades no caso dos R$ 230 mil, pois não foi encontrada a contrapartida contábil dos saques, ou seja, não há especificação do objetivo da retirada nem a destinação do dinheiro.

"Não existe saque feito por uma pessoa só. Eu, por exemplo, jamais teria condições de efetuar uma retirada dessas", garante Coppini. Ele atenta para o fato de a assinatura de Valdirene ser a única a constar dos comprovantes de saques emitidos pelo banco. "Isso chama a atenção, mas não acusamos ninguém. É preciso apurar em que condições esses saques foram feitos."

Na conta 0723-45 000036-2 da Prefeitura, do banco Banespa, foram feitos quatro saques direto no caixa, nos dias 08 de abril de 2003 (R$ 50 mil); 1º de agosto de 2003 (R$ 50 mil); 20 de abril de 2004 (R$ 80 mil) e 16 de março de 2004 (R$ 50 mil). Juntos, somam R$ 230 mil. A conta serve para o pagamento de funcionários e rescisões da administração pública. O atual secretário de Finanças afirma que o dinheiro foi retirado dos juros da aplicação, e não da conta, que tem cerca de R$ 10 milhões. "Por isso, essa movimentação não foi percebida pelo Tribunal de Contas do Município", explica Coppini.

Segundo a administração atual, os recibos de saques do banco são assinados pela ex-secretária de Finanças, mas, segundo o procurador-geral da Prefeitura, Egídio de Oliveira, também contam com o visto do gerente do banco, Sílvio Francisco Catarino. Procurado pelo Diário, Catarino não quis se posicionar e disse à reportagem que a assessoria do Banespa é quem deveria ser procurada.

A ex-secretária deverá ser chamada pela comissão de sindicância para ser ouvida, mas não tem obrigação de comparecer, uma vez que a comissão não tem poder de intimação. Por isso, cópias do processo administrativo foram encaminhadas pela Prefeitura ao promotor Roberto Bodini, do Ministério Público, solicitando tomada de providências cabíveis. A promotoria aguardará a conclusão da comissão de sindicância para se posicionar.

Desde a última sexta-feira, o Diário procura a ex-secretária de Finanças para se posicionar a respeito do caso. Ela não atendeu as ligações feitas pela reportagem. Há menos de um mês, Valdirene ocupava a pasta de Finanças de Suzano, mas deixou o cargo. Em seu lugar, assumiu Sérgio Trani, ex-titular das Finanças de Diadema. O atual secretário de Suzano conta que Valdirene lhe disse que deixou o cargo por "questões pessoais" e diz desconhecer o episódio do saque de R$ 230 mil.

O deputado estadual Donisete Braga (PT), de Mauá, disse ao Diário que está desde sábado à procura de Valdirene, para que se explique sobre o episódio. "Se isso for verdade, tem que punir". Outros petistas da cidade, como o ex-prefeito Oswaldo Dias e o líder do partido na cidade, Rogério Moreira Santana, também não foram localizados para comentar as investigações envolvendo a ex-secretária.

Na Câmara – A vereadora Vanessa Damo (PV) promete apresentar na Câmara pedido de criação de CEI (Comissão Especial de Inquérito) tão logo termine o recesso parlamentar, em agosto. A verde conta que ia apresentar requerimento de informações à Prefeitura sobre as movimentações da ex-secretária de Finanças e representação junto ao MP, mas foi orientada pela administração para aguardar o resultado da apuração da comissão de sindicância. "Nada impede que eu entre com essa representação e quero entrar, mas preciso dessas informações", afirma a vereadora.




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