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Pode alimentar pombos?
Por Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
01/04/2012 | 07:00
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Nario Barbosa


Dar comida aos pombos é proibido por lei em algumas cidades, como Santo André, São Bernardo e São Caetano. O motivo? É que a ave pode transmitir doenças, principalmente a quem entra em contato com seu cocô. Desse modo, deve-se evitar a aglomeração do bicho e impedir que fique perto de casa e da escola. Para isso, não pode alimentá-lo.

Columba livia é o nome da espécie que conhecemos. É considerada animal sinantrópico (capaz de se adaptar ao ambiente humano), assim como ratos e baratas. Costuma construir ninhos em edifícios, abrigando-se em locais que permitam acesso à água e comida.

E quanto maior a facilidade em encontrar alimento, mais se reproduz. Além disso, a falta de predador natural (gavião) na cidade contribui com o aumento da população. Para não deixar que o bicho fique muito próximo de onde moramos, os adultos também têm de tampar espaços nos quais pode fazer ninho. Ainda é importante colocar o lixo na rua (bem fechado) somente na hora em que o caminhão passará para retirá-lo, pois o animal come restos.

NO MUNDO

A ave causa preocupação em várias partes do mundo. Em Veneza, na Itália, as fezes bem ácidas corroem monumentos históricos da Praça de São Marcos, famosa pela grande quantidade de pombos. Em Londres, na Inglaterra, o governo proibiu o trabalho dos vendedores de milho para os animais. Já em Helsinque, na Finlândia, há placas que alertam sobre o perigo de alimentá-los.

A espécie vive cerca de 4 anos. Em geral, se reproduz duas vezes ao ano, gerando de dois a três filhotes. Quando são pequenos recebem substância semelhante ao leite rica em proteína e gordura, produzida no papo dos pais.

 

Transmitem muitas doenças

Os pombos podem transmitir diversas doenças causadas por fungos, bactérias e ácaros que vivem neles ou no cocô. Uma das mais comuns é a criptococose - também conhecida como doença do pombo -, ocasionada por fungos. Entre os sintomas estão febre, dor na região do tórax, micose, tosse e até pneumonia.

Já as bactérias encontradas nas aves podem provocar salmonelose, que dá diarreia, vômitos e dores abdominais. Há ainda alergias geradas pelo contato com ácaros dos bichos ou de seus ninhos. Sente-se irritação na pele, coriza e dificuldade para respirar.

Quem fica muito próximo dos pombos e tem qualquer um desses sintomas deve procurar o médico. Somente o especialista poderá diagnosticar a doença e indicar o tratamento correto. Mais importante, porém, é a prevenção. Mesmo que considere os pombos bonitinhos, o melhor é admirá-los de longe. Se perceber aglomeração das aves perto da sua casa, avise o Centro de Controle de Zoonoses ou a Vigilância Sanitária da cidade. E lembre-se: matar o animal é completamente proibido e considerado crime ambiental, além de crueldade.

Deve-se ter cuidado na hora de limpar locais onde há cocô de pombo. A área precisa ser umedecida antes para evitar que a pessoa respire o ar com os fungos.

Não podemos dar comida aos animais silvestres, pois a atitude faz com que deixem de procurar o próprio alimento. Assim, perdem habilidades necessárias para sobreviver sozinhos. Além disso, se a comida for inadequada pode deixá-los doentes.

 

Pombo-correio ajudou humanos

Calcula-se que há cerca de 2.000 anos o pombo-correio - mesma espécie do pombo doméstico - já era usado para levar mensagens a lugares distantes. Um dos primeiros registros da atividade é do imperador Marco Antonio, que invadiu a Gália (atual França) e usou a ave para informar o fato aos romanos.

A atividade só é possível porque o animal sempre volta para o lugar onde nasceu. Quem deseja que carregue mensagem para outro local deve ensinar o novo caminho, levando-o até lá e soltando-o para que aprenda a retornar para casa. Como tem excelente visão, consegue localizar pontos de referência, como montanhas. Durante a noite, é guiado pela lua e estrelas. Também acredita-se que tenha minúsculas partículas de ferro no bico, que funcionam como a agulha da bússola, servindo de orientação.

Atualmente, o pombo-correio é usado na columbofilia, esporte em que os criadores se distanciam até um ponto e lançam as aves para que voltem à região de origem.

 

Giovanna Dobo Coelho,11 anos, de São Caetano, já deu farelo de pão aos pombos que estavam aglomerados em uma praça, mas ficou preocupada quando descobriu que isso é errado. "Ouvi dizer que é muito perigoso porque podem nos deixar doentes". A menina só não sabe ao certo de que forma as aves podem causar tantos problemas.

 

Consultoria de Arif Cais, zoólogo do Departamento de Zoologia da Unesp, Melissa Vautier, veterinária e coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de São Caetano, e Hélio Vasconsellos Lopes, professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC




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