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Autarquias querem ver planilha de custo da Sabesp
Por Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
22/03/2005 | 13:56
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Os superintendentes de três empresas municipais de saneamento no Grande ABC rebateram as críticas do presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), Dalmo Nogueira, de que as autarquias de Mauá, Santo André e Diadema conseguem praticar tarifas menores na região porque não pagam a água comprada junto à empresa estadual.

Os técnicos dizem que pagam a água, mas só o valor estabelecido por eles e não o cobrado pela autarquia estadual. O valor pago é de R$ 0,39 o m³ e a Sabesp cobra R$ 0,90 o m³ pela água distribuída aos consumidores de Santo André, Diadema e Mauá. Esse impasse está na Justiça.

“Se pagássemos o valor que a Sabesp cobra, teríamos de aumentar nossa tarifa em 120%”, garante o superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Francisco Carneiro, o Chiquinho do Zaíra. Em Mauá, a tarifa para o consumo até 10m³ é de R$ 6,60 para água e R$ 11,88 para água mais coleta de esgoto. Chiquinho garante que qualquer aumento tem de ser repassado ao consumidor. “E a Sabesp sabe disso”, argumenta.

As declarações do presidente da Sabesp foram feitas durante entrevista ao Diário publicada segunda-feira. Nogueira aposta que cidades do porte de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, cujos contratos vencem nos próximos dois anos, não tentarão municipalizar seus serviços. Segundo ele, não seria um bom negócio para os dois municípios porque as cidades não são auto-suficientes para atender às próprias demandas.

O presidente da autarquia estadual garante que se não houvesse essa dívida da água vendida no atacado, o problema de saneamento da região poderia estar resolvido.

Walter Rasmussen, superintendente da Saned (Saneamento Básico de Diadema), afirma que não é verdade que a conta da Sabesp não é paga. “A Saned paga a conta religiosamente pela tarifa de R$ 0,39 o m³, valor decidido entre as empresas municipais até que a Sabesp abra sua planilha de custos para sabermos qual o verdadeiro custo da água que compramos”, explica.

De acordo com Rasmussen, há entendimento entre as empresas municipais para que, caso se comprove através de uma peritagem nos custos, a água vendida pela Sabesp seja mais cara do que os R$ 0,39 pagos atualmente, os valores serão reajustados. “O que queremos é mais transparência”, conclui. O superintendente da Saned garante que o objetivo das empresas municipais é abrir canal de discussão. “Mas é a Sabesp que se nega”, sustenta.

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) rebate as críticas do presidente da Sabesp com uma nota oficial. A empresa municipal informa que paga atualmente R$ 0,39 o m³ e que questiona o valor da Sabesp (R$ 0,90 o m³). Consta na nota que o Semasa pediu várias vezes para a Sabesp demonstrar a composição de custos que determinam o preço, sem obter resposta.

A autarquia andreense explica que o valor que paga atualmente à Sabesp tem como base a planilha de custos elaborada pela Fundação Getúlio Vargas, numa decisão tomada no âmbito do Consórcio Intermunicipal. “A divergência de valores é objeto de decisão judicial que ainda não tem sentença definitiva”, conclui a nota.



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