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Luiz Marinho admite falha de comunicação sobre a merenda

Em reunião com a base de sustentação, prefeito de S.Bernardo concordou que plano de corte não foi bem articulado

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
27/02/2015 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), admitiu ontem perante sua base de sustentação na Câmara que falhou na comunicação do governo ao implantar o plano de redução do abastecimento de merendas nas escolas da rede municipal sem discutir com os vereadores aliados.

Em tensa reunião, ocorrida no prédio do Paço, Marinho reforçou aos parlamentares governistas que faltou articulação do Executivo com o Legislativo sobre idealização do projeto restritivo, mas, na sequência, iniciou série de cobranças junto aos integrantes, principalmente, exigindo amparo da bancada em relação ao caso. O petista chegou a dar bronca nos situacionistas ao alegar que permitiram triunfo dos oposicionistas.

Nos demais momento do encontro, Marinho tratou de defender o plano, garantindo que não se trata de corte, apenas readequação, assim como tentou preservar a imagem e permanência da secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT), mentora da restrição no repasse de alimentos. O chefe do Executivo foi ríspido com os vereadores em alguns momentos, frisando que não aceitaria pressão pela exoneração. Isso porque a própria base governista chegou a pedir publicamente a demissão da petista.

Em tom ameaçador, o prefeito destacou a autoridade em demitir funcionários. Um dos repreendidos foi o ex-presidente da Câmara Tião Mateus (PT), que manifestou contrariedade ao trabalho de Cleuza, que também é ré em ação civil do MP (Ministério Público) por conta de irregularidades na compra de uniformes entre 2010 e 2011. Segundo o órgão, ao menos R$ 4 milhões foram desviados dos cofres públicos. Marinho justificou aos aliados que não vê motivos para desligar a secretária da administração neste momento, enfatizando a competência.

Marinho ficou reunido por mais de duas horas no gabinete. Apesar do período extenso, ele ignorou o ofício da Promotoria da Infância e Juventude, que requereu na quarta-feira retorno imediato do serviço completo das merendas nas unidades educacionais.

No documento, o promotor Jairo Edward de Luca indica que se verificou a “falta de discussão” no episódio e que o plano está sendo implantado de maneira “abrupta”.

Após o encontro, os vereadores, de forma constrangida, evitaram comentar o teor do debate com o prefeito. Coube ao presidente da Casa, José Luís Ferrarezi (PT), falar sobre a reunião. O petista minimizou tensão ocorrida na Prefeitura, sinalizando o posicionamento de defesa de Marinho pelo plano e à Cleuza, além de solicitar mais diálogo da base com o governo. “Ele nos explicou que é readequação e não corte (da alimentação). No mais, disse que quer mais encontros conosco, explicando que essa é melhor maneira de alinhar os projetos”, argumentou.

Sob a justificativa de conter obesidade infantil e desperdício de alimentos, o Paço de São Bernardo iniciou no dia 5 a redução no repasse de merendas nas escolas da rede municipal, cortando o almoço e o café da manhã de 80 mil crianças, entre cinco e dez anos. 




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