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Teje preso!

Dizia Karl Marx, pai da doutrina comunista, que a história acontece como tragédia e se repete como farsa

Por Carlos Brickmann
04/06/2008 | 00:00
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Dizia Karl Marx, pai da doutrina comunista, que a história acontece como tragédia e se repete como farsa. No tempo do presidente Sarney, a polícia foi para os pastos, comandada pelo xerife Romeu Tuma, para laçar bois gordos. Vinte anos depois, o ministro Carlos Minc quer prender os bois piratas da Amazônia.

Tudo bem: Sarney é importante conselheiro do presidente Lula. Romeu Tuma virou senador e faz parte da bancada de Lula. O filho de Romeu Tuma, o Júnior, ocupa a importante Secretaria Nacional da Justiça. Tem aquela PM do Recife, que prendeu o jogador do Botafogo. A equipe está formada. Bois piratas, tremei!

Na Amazônia, existem cerca de 40 milhões de bois. Metade, provavelmente, é pirata - pasta em terras ilegalmente desmatadas. Temos, portanto, 20 milhões de bois a capturar. Nada mais simples: para embarcar 1.000 bois, bastam cinco vaqueiros a cavalo. Para embarcar 20 milhões de bois, 100 mil vaqueiros, com 100 mil cavalos. Um caminhão boiadeiro dos grandes, trucado, leva 18 bois. Portanto, com pouco mais de 1 milhão e 100 mil caminhões, mais 1 milhão e 100 mil motoristas, a frota estará pronta para o transporte.

Cada caminhão tem 18 metros de comprimento. A fila de caminhões ocupará algo como 20 mil quilômetros. E, se resolverem algemar os bois, em benefício das imagens de TV, não se pode esquecer que cada boi levará duas algemas.

Marx estava errado. No Brasil, a história acontece como farsa e se repete como bobagem. Ou acontece e se repete do mesmo jeito, como uma trágica farsa.

LEMBRANDO
Certa vez, um grande jornal noticiou que o Brasil estava pensando em trazer dez milhões de japoneses. Adílson Laranjeira, competente e pragmático chefe de reportagem, fez a pergunta fatal: "E como é que eles vêm? A nado?"

AH, SIM
Vinte milhões de bois têm 40 milhões de chifres. Haveria mercado para tanto?

O PÁSSARO DE FERRO
O filme daqueles índios que jamais entraram em contato com brancos é bem esquisito, não é? Primeiro, a época: bem quando se discute a demarcação de terras indígenas. E imaginemos a cena: o pequeno avião sobrevoa a tribo e os índios, preocupados com o pássaro de ferro, correm para suas ocas, pintam-se para a guerra e, quando voltam, o avião continua lá em cima. Ou o avião é mais lento que um discurso do senador Suplicy ou os índios são rápidos como The Flash. Ou, então, o avião ficou sobrevoando a tribo e fotografando. E cadê as fotos dos índios antes de se pintarem para a guerra? Só são divulgadas as que interessam?

PESQUISA INÚTIL
As pesquisas sobre as eleições paulistanas, neste momento, não querem dizer nada. Enquanto as investigações do caso Alstom não forem divulgadas, nem o quadro de candidatos à Prefeitura de São Paulo é estável. A Alstom, recordemos, é uma multinacional francesa que é investigada, na França, na Suíça e agora no Brasil, por pagar propinas para obter contratos. Há suspeitas sobre contratos no Metrô paulistano, nos governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin. Há também suspeitas sobre outras estatais paulistas e empresas federais. A carga maior é sobre o PSDB; mas também há denúncias contra petistas bem relacionados.

COLABORAÇÃO TOTAL
O governador paulista José Serra prometeu colaborar integralmente com as investigações. E que ninguém duvide dele: quem está na linha de tiro é Alckmin.

OS ÁRABES TOPAM?
O presidente Lula propôs que a Assembléia Geral das Nações Unidas discuta a alta do petróleo, que responsabiliza (e com razão) pelo crescimento do preço da comida em todo o mundo. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, concordou com entusiasmo. O problema é que falta combinar com a Opep, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo: se a Opep decidir manter os preços altos, a Assembléia Geral da ONU pode se esgoelar à vontade que não vai adiantar.




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