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Montadoras vão reduzir ritmo de vendas a partir deste mês
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/04/2010 | 07:08
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A euforia da indústria automotiva, que alcançou recorde de vendas no primeiro trimestre do ano, deve ceder lugar a um desempenho mais contido, segundo especialistas. Isso deverá ocorrer, entre outros fatores, devido à elevação de preços a partir deste mês.

O retorno da alíquota integral do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - para veículos flex ou movidos a álcool 1.000 cilindradas, o tributo reduzido estava em 3% e voltou para 7% e nos de até 2.000, passou de 7,5% para 11% -, vai impactar nos valores finais dos carros mas não será o único fator de pressão para reajustes.

Também começa neste mês a temporada de elevação dos preços de insumos, como o aço. Há poucos dias, o presidente da Frefer, segunda maior distribuidora independente de aço do País, Christiano da Cunha Freire, afirmou que as siderúrgicas já definiram cronograma de aumento, que começou com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) no dia 1º e seguirá com a Usiminas, que programou elevar seus preços no dia 11 e a ArcelorMittal Brasil, que fará o anúncio no dia 15, segundo ele.

A CSN informou que não se pronuncia sobre preços e ArcelorMittal Tubarão disse que não comentaria e a assessoria de imprensa da Usiminas informou que não encontrou porta-voz para comentar o assunto.

De acordo com o presidente da Frefer, os preços das bobinas a frio serão elevados em 12% e o das bobinas a quente e de galvanizados, em 10%. "Acredito que virá um novo aumento logo no início do segundo semestre. O reajuste de abril é muito comportado diante da alta no preço das matérias-primas, do aumento no volume de vendas e da subida violenta que o aço teve no mercado externo", avaliou Freire.

NOVA REALIDADE
A expectativa dos especialistas é de vendas menores nos próximos meses, mas o cenário se mantém favorável. "É evidente que o mercado estava muito acelerado; em função da volta do IPI, a lógica é que volte a níveis anteriores, para 200 mil unidades mês", projeta o consultor e ex-presidente da Anfavea, André Beer. Ele ressalta que, para este mês, o segmento deve superar 250 mil, já que ainda haverá vendas com o desconto no tributo para carros em estoque.

No mês passado, considerando só automóveis e comerciais leves, foram comercializadas 337.381 unidades, 59% mais que em fevereiro e 29% mais que em março de 2009. Como demonstração da influência do tributo reduzido, enquanto os automóveis de até 2.000 cilindradas puxaram para cima os resultados, os de mais de 2.000 cilindradas (sem o desconto) tiveram retração no mês (27%) em relação a um ano antes.

"Haverá disputa das montadoras, com promoções; os níveis de produção estão elevados", acrescenta o consultor Paulo Roberto Garbossa. Ele projeta que o mercado interno crescerá 8,5% a 9,5% neste ano.

Outros especialistas são mais cautelosos. O presidente do Sincodiv-SP (Sindicato das Concessionárias no Estado de São Paulo), Octávio Vallejo, prevê expansão de 7% a 8%, e o professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios, acredita que os números de 2010 devem ficar próximos dos do ano passado. (com AE)




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