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Em Diadema, secretária alega ter sido vítima de escuta ilegal

Chefe da Educação, Tatiane Ramos diz que encontrou gravador escondido embaixo da cadeira; BO foi feito um mês depois

Júnior Carvalho
do Diário do Grande ABC
29/03/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Secretária de Educação de Diadema, Tatiane Ramos (PSB) registrou BO (Boletim de Ocorrência) no qual diz ter sido vítima de escuta ilegal na sede da Pasta, localizada em prédio separado do Paço, na região do Centro. Segundo a denúncia, um gravador foi encontrado por um de seus assessores embaixo de sua cadeira.

Na ocorrência, registrada no 1º DP (Centro) de Diadema, Tatiane relata que, no dia 16 de fevereiro, Luciano Pompermayer, oficial de gabinete na secretaria, encontrou “dispositivo utilizado para gravações de áudio”. O caso só foi comunicado às autoridades praticamente um mês depois de o gravador ser descoberto, no dia 14 deste mês.

Não se sabe em quais circunstâncias o dispositivo foi encontrado, tampouco como o gravador foi colocado no gabinete de Tatiane, uma vez que apenas funcionários da Pasta têm acesso à sala da secretária. O setor não teria câmeras de monitoramento, o que dificultaria as investigações.

O Diário questionou o governo do prefeito Lauro Michels (PV) sobre o caso, mas novamente a gestão do verde se calou diante às indagações da equipe de reportagem. A administração foi questionada – e não respondeu –, se vai abrir sindicância interna para apurar o episódio. O Diário também perguntou por qual motivo o caso foi revelado à polícia apenas um mês depois do ocorrido. Tatiane também foi procurada, mas não retornou aos contatos.

O episódio surge em momento em que Tatiane tem sido alvo de questionamentos acerca de possíveis irregularidades na secretaria. Em fevereiro, a chefe da Pasta foi convocada a prestar esclarecimentos na Câmara por conta da decisão do TCE (Tribunal de Contas do Estado) em barrar licitação para compra de kits de material escolar por entender que o edital incluía itens restritivos à concorrência de empresas. Ontem, o Diário mostrou que a Corte impugnou mais uma vez a licitação e novamente apontou indícios de restrição à ampla concorrência.

A Secretaria de Educação também é alvo de CPI no Legislativo, que investigará fracionamento de contratos do governo Lauro com a construtora Mendonça e Silva. A suspeita é de que a empresa, situada nos fundos de um cortiço na periferia da cidade, seria fantasma. Os contratos somam quase R$ 1 milhão e se referem a reforma de telhados em escolas municipais. Muitas das unidades apresentam danos nas coberturas.

O caso foi revelado com exclusividade pelo Diário no dia 1º e também motivou abertura de inquérito no Ministério Público. Na época em que os convênios foram celebrados, Tatiane não era a secretária. O responsável pelo setor era o hoje presidente da Câmara, Marcos Michels (PSB), que nega irregularidades nos contratos.  




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