Economia Titulo Automóveis
Montadoras: transferência para a Argentina equivale a uma Ford
19/05/2008 | 07:09
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A Argentina ganhou, nos últimos meses, o equivalente à fábrica da Ford de São Bernardo só com a produção de automóveis transferidos das empresas brasileiras para abrir espaço à ampliação das linhas nacionais. Fiat, General Motors, Renault e Peugeot mandaram ao país vizinho cerca de 100 mil veículos antes feitos no Brasil. A maior parte volta para abastecer o mercado local.

O número será muito maior a partir de junho, quando a Volkswagen deve anunciar a transferência de parte da produção do Fox para a filial de Pacheco e a Fiat, de parte do Palio para Córdoba. Em janeiro, a Fiat iniciou a produção de versões do Siena na subsidiária argentina para operar com mais folga a linha do recém-lançado Punto na fábrica de Betim (MG).

A Fiat vai produzir 50 mil unidades anuais do Siena na fábrica de Pacheco. A linha de montagem estava desativada desde 2002 e produzia apenas motores e transmissões. Nas próximas semanas, o presidente da montadora no Brasil, Cledorvino Belini, deve anunciar a transferência de parte da linha Palio, o segundo carro mais vendido no País, com cerca de 200 mil unidades ao ano.

O presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, também deve comunicar em junho que parte do modelo Fox passará a ser feita em Pacheco, na fábrica que produz o SpaceFox, o antigo Polo Classic e a picape Caddy. É possível que a filial divida com o Brasil os modelos destinados ao mercado nacional, mas pode ficar apenas com a cota voltada às exportações. No ano passado, foram exportadas 70 mil unidades do Fox.

A Renault, que em setembro mandou para a Argentina toda a produção do Clio, deve produzir este ano 46 mil unidades do modelo. A transferência ocorreu para que a fábrica do Paraná pudesse dedicar-se às linhas dos novatos Logan e Sandero, além da Scénic e do Mégane.

A General Motors também dividiu com a Argentina a produção do Classic. De lá, vieram cerca de 28 mil unidades vendidas no País em 2007. No fim de 2006, a Peugeot transferiu para Buenos Aires a produção de 5.000 modelos 206 para serem exportados anualmente ao México. Na ocasião, executivos informaram que era mais lucrativo atender esse contrato via Argentina do que Brasil, por causa do câmbio.

Várias fábricas brasileiras operam no limite da capacidade produtiva e o consumo de carros tem surpreendido a própria indústria. Este ano foram vendidos, até a primeira quinzena de maio, 1,019 milhão de veículos, 32,7% a mais na comparação com o mesmo período do ano passado.

As montadoras anunciaram para este ano investimentos de quase US$ 5 bilhões em ampliação da produção e novos produtos, mas a realização de obras e compra de máquinas e equipamentos leva tempo. Até lá, a alternativa tem sido a implantação de turnos extras, trabalho de fim de semana e a transferência de alguns modelos e o uso das linhas argentinas, onde as fábricas operam com elevada ociosidade.

Até agora, a mudança envolveu principalmente carros mais antigos. "Os modelos mais novos, de desenvolvimento recente, ficam no Brasil. Os que estão indo para a Argentina são aqueles em produção há algum tempo, que podem ser transferidos sem problemas", analisa o diretor da consultoria ADK, Paulo Roberto Garbossa.




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