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Tráfico causa maioria dos homicídios
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
13/08/2006 | 08:28
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Casos de queima de arquivo formam a maioria das mortes em Mauá. Quase sempre, o tráfico de drogas é o pano de fundo e motivação para os assassinatos. Crimes, muitas vezes, de difícil resolução por falta de testemunhas dispostas a quebrar a lei do silêncio. Pródiga em pontos de venda de drogas, a área formada pelas favelas dos Jardins Kennedy, Itapark, Itapeva e Miranda Davi´z concentram quase um terço de todas as mortes. Moradores dos bairros costumam dizer que essas bandas de Mauá são permanentemente sobrevoadas por urubus.

A falta de infra-estrutura, como iluminação, asfalto e numeração nas casas, é apontada como catalizadora de violência. "É incrível como a questão urbanística, do caos urbano, influencia na questão da segurança", afirma a pesquisadora Mariana Montoro, do Instituto Sou da Paz. Em Diadema, a estratégia adotada pela administração foi fazer um trabalho interligado entre as secretarias responsáveis pelas pastas de Habitação e Segurança.

A maioria das favelas foi urbanizada. E as ruas asfaltadas ou alargadas pelas quais passam os moradores também servem de caminho para as viaturas da polícia. Em algumas favelas de Mauá, a lei só chega se for a pé.

O coronel da PM Renato Aldarvis, do CPA/M-6, responsável pelas sete cidades da região, concorda com o ponto de vista. "Nos baseamos no conceito de que o ambiente é muito importante na prática criminal", afirma. Por isso, a corporação criou o Grupo Organizado em Defesa da Vida contra a Violência, aplicado anteriormente no Jardim Ângela – um dos bairros mais violentos da Capital na década de 1990, que teve enorme queda nos homicídios. Município, polícias e Justiça se unem por meio do programa numa espécie de mutirão. Cada um fica com seu metiê.

O projeto entrou em teste no Jardim Zaíra em maio. O bairro é reponsável por apenas uma das 49 mortes ocorridas até julho. O coronel salienta que, desde julho, quando começou, de fato, o projeto, caíram os assassinatos na cidade. No mês, houve apenas 23% das ocorrências registradas no mesmo período do ano passado.

Violência – Parte das mortes é atribuída por testemunhas a policiais militares do 30º Batalhão. Só a região do Jardim Kennedy foi cenário de duas chacinas e dois homicídios simples com suspeita do envolvimento de PMs em menos de um ano. Três pessoas foram executadas em julho de 2004, mais três em janeiro de 2005 e um adolescente em abril. No mês passado, um rapaz teria sido preso no bairro Santa Rosa e encontrado enterrado na favela do Jardim Kennedy. Cinco PMs estão afastados do serviço de rua pelas duas chacinas e outros dois foram presos pelo assassinato de um rapaz de 17 anos. A Secretaria da Segurança Pública não concedeu entrevista com integrante da Corregedoria solicitada pela reportagem.

Crimes de autoria desconhecida formam a maioria. Geralmente, os boletins de ocorrência são documentos sucintos, que relatam o encontro de cadáveres, algumas vezes queimados e mutilados e, não raro, sequer reclamados por familiares no IML.

Casos de homicídios com suspeitos e testemunhas, como o assassinato da professora Maria Expedita Silva, de 44 anos, supostamente assassinada pelo ex-namorado Mateus Sasso, de 22, são exceção. Na mesma semana, o acusado foi preso, com outro jovem e dois adolescentes.




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