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Da terra nascem os maus

Festeje! Os narcotraficantes foram expulsos da Rocinha, sem que fosse preciso disparar um só tiro. Festeje! Os

Carlos Brickmann
16/11/2011 | 00:00
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Festeje! Os narcotraficantes foram expulsos da Rocinha, sem que fosse preciso disparar um só tiro. Festeje! Os homens da Lei e da Ordem ocuparam a Rocinha sem que fosse preciso prender um só bandido!

E vamos combinar assim: os bandidos corridos da Rocinha vão agora entrar num convento e se dedicarão espontaneamente a fazer o bem. Pois, como dizia o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau, o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Os bandidos, afastados da sociedade da Rocinha e do Vidigal, que certamente os corrompia, voltam portanto a ser bons. E os consumidores de drogas, seus clientes, nem pensarão em trocar de fornecedores: também bafejados pelos bons ventos da ocupação da Rocinha, deixarão o vício de lado e o único pó que irão aspirar é aquele que vem das ruas mal varridas.

O caro leitor não acredita nisso? Pois Sérgio Cabral, o caro governador do Rio (e bota caro nisso, com tantas viagens internacionais que empreende), esse acredita. Ou não tentaria empurrar goela abaixo da população a história da carochinha de que, conquistado o morro, os traficantes terão de trabalhar em outro ramo e sua clientela aceitará numa boa a redução da oferta.

Não faz sentido que nenhuma parte do território brasileiro fique sob controle de bandos armados que se sobreponham ao Estado. A Rocinha tinha mesmo de ser recuperada para o país (e, espera-se, terá escolas, ambulatórios, policiamento, coleta de lixo, tudo isso).

Mas o tráfico não foi tocado: só mudou de endereço.

A propósito

O Governo fluminense, em operação conjunta com as Forças Armadas, conquistou há tempos o Complexo do Alemão, conjunto de favelas onde se instalara um poderoso quartel-general de distribuição de drogas. Houve redução do consumo no Rio? Houve redução no número de crimes na cidade? Então, tá.

Bomba! Bomba!

Os (poucos) fuzis apreendidos na conquista da Rocinha não são fabricados no Brasil. Os lança-rojões, com os quais é possível atingir helicópteros, não são fabricados no Brasil. As granadas não são vendidas a particulares no comércio legal.

Alguém acredita que os contrabandistas tenham ficado tão abalados com a ocupação da Rocinha que deixem de negociar com os traficantes brasileiros?

Juntando as peças

O carro em que o traficante Nem estava escondido mal foi parado pela Polícia Militar do Rio quando apareceram, quase magicamente, um delegado e dois investigadores lotados em Maricá, cidade a uns 60 km de distância. Queriam levar o carro, sabe-se lá por que, para o 15º DP, na Gávea. O PM que deteve o carro resistiu até que a Polícia Federal chegou e levou o traficante para interrogatório.

Nem, já no primeiro depoimento, informou que metade de seu faturamento (R$ 60 milhões por ano) era destinado a policiais.

Repetindo, é importante retomar dos bandidos qualquer área de ocupem. Mas tráfico é mais complexo: que tal começar por uma boa investigação na Polícia?

Quem sabe, sabe

Este colunista é incrédulo, a ponto de nem acreditar no pó de pirlimpimpim. E não acreditará em qualquer coisa que aconteça a Nem antes que termine seu interrogatório e ele conte algo do que sabe. Nem certamente sabe muito.

É por isso que, se fugir, se for mordido por uma pulga, se adoecer, não vai dar para engolir.

A mina de diamantes

Estranhíssima a presença de Paulo Henrique Cardoso, filho de Fernando Henrique, na rádio Disney, uma FM de São Paulo. Oficialmente, ele é dono da emissora, e tem como sócio minoritário o Grupo Disney, um dos maiores conglomerados internacionais de entretenimento.

Será Paulo Henrique um gênio do rádio, um Steve Jobs da FM, tão bom no setor que a Disney libere seu nome para ele mesmo sendo minoritária? Pode ser - mas até agora isso não foi demonstrado em rádio alguma. E, se a Disney toca o negócio, isso significa que é majoritária. No caso, a sociedade é ilegal: estrangeiros podem ter no máximo 30% de participação.

Paulo Henrique, o Mago da Comunicação, não quis dar entrevista.

Estudar, até na praia

É um belíssimo hotel, o Sofitel Jequitimar, a jóia do Grupo Silvio Santos, à beira do Mar Casado, no Guarujá, SP, a Pérola do Atlântico. Foi ali que a Confederação Nacional de Seguros - uma entidade privada, cujos associados estão envolvidos em centenas de processos na Justiça - patrocinou um seminário para ministros do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Superior do Trabalho. Foram quatro dias, de quinta a domingo.

Tema do seminário? Assuntos de interesse de quem pagou a conta, como boa-fé nos contratos e processos judiciais de previdência complementar. O evento se realizou em outubro e teve o apoio da Apamagis (entidade de juízes paulistas) e AMB, Associação dos Magistrados Brasileiros - que se esqueceram de colocá-lo em seus sites.

Me dá um dinheiro aí

A Europa vai mal? Pois o Brasil vai reforçar o caixa do FMI com US$ 10 bilhões. Agora é que esses gringos vão ver quem é que tem dinheiro no bolso.




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