A produção industrial voltou a cair em setembro, mostrando estabilidade no trimestre, de acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), embora o faturamento das fábricantes tenha mostrado reação nesse mês, segundo outro levantamento, da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Os dados aparentemente contraditórios confirmam tendência, verificada em outros estudos, de perda de competividade do produto nacional para os itens importados no mercado interno, como reflexo do real valorizado frente ao dólar.
Isso ocorre, segundo especialistas, porque o câmbio desfavorável tem levado o setor empresarial a elevar o percentual de importação no volume dos negócios, em substituição à fabricação local.

Dessa forma, apesar do levantamento da CNI ter registrado alta de nas vendas das fabricantes no mês frente a agosto, o indicador de utilização de capacidade instalada se mantém em trajetória de queda quase contínua há cinco meses.

Ao mesmo tempo, a produção industrial caiu 0,2% em setembro, segundo o IBGE, depois de ter registrado mesmo nível de retração em agosto e após crescimento de 0,5% em julho. Com isso, no trimestre, as fábricas apresentaram estabilidade na atividade fabril frente aos três meses anteriores.

Para o economista André Macedo, da coordenação da pesquisa do instituto do governo, é difícil aferir, por esse estudo, qual o impacto da importação nos diferentes ramos industriais, mas ele avalia que certamente o grande fluxo da entrada de produtos estrangeiros no País reflete no indicador.

VENDAS
Por sua vez, o economista Marcelo de Ávila, da CNI, considera que o crescimento nas vendas poderia ser mais forte se não fosse o real valorizado.

No acumulado do ano (janeiro a setembro), o faturamento das fabricantes é 11,3% superior ao do mesmo período de 2009, mas ele ressalta que a base de comparação é fraca, pois no ano passado as empresas sentiam o impacto da crise de crédito global, que retraiu a demanda.