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Dívida do Saesa com Sabesp cresce nos últimos três anos

Autarquia de S.Caetano reduz pagamentos à estatal referentes à compra de água no atacado e pode colocar independência dos serviços em xeque

Júnior Carvalho
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
05/05/2021 | 00:04
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Banco de Dados/DGABC


A dívida do Saesa (Sistema de Água e Esgoto e Saneamento Ambiental de São Caetano), chefiada por Rodrigo Toscano, com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) referente à compra de água no atacado aumentou nos últimos três anos, segundo levantamento feito pelo Diário. Os dados revelam que o passivo cresceu cerca de 1.270% de 2019 para cá.

De acordo com dados fornecidos pelo próprio Saesa ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), o passivo vem crescendo significativamente nos últimos três exercícios, período em que o Saesa não vem quitando integralmente os valores das faturas emitidas pela Sabesp. Em 2019, depositou R$ 33,3 milhões dos R$ 34,6 milhões cobrados pela companhia (quitou 96,4%). No ano seguinte, reduziu ainda mais os valores dos repasses e pagou apenas 77,3% do saldo devedor à companhia paulista (destinou R$ 44,2 milhões de uma fatura de R$ 57,2 milhões).

Os números revelam ainda que, neste ano, nada foi depositado à Sabesp, apesar de a fatura já atingir R$ 16,8 milhões. Somados os saldos devedores dos últimos três anos, a dívida acumulada da autarquia com a companhia paulista atinge R$ 31 milhões.

No Grande ABC, o Saesa é a única autarquia que presta serviços municipais de distribuição de água e saneamento básico que ainda sobrevive. Nos últimos anos, vários municípios da região tiveram de abrir mão do controle dos serviços e concedê-los à Sabesp.

Todas as demais autarquias municipais sucumbiram justamente devido a dívidas bilionárias com a companhia paulista, acumuladas por calote ou por pagamento de valores inferiores aos que foram cobrados pela estatal ao longo do tempo. Algumas, como o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), tiveram as atividades-fim modificadas e foram preservadas. Já outras, como a Saned (Companhia de Saneamento de Diadema), foram extintas. Em alguns casos, o rombo também incluía indenizações decorrentes da municipalização dos serviços.

A primeira autarquia do ramo a entregar os serviços à Sabesp foi o antigo DAE (Departamento de Água e Esgoto) de São Bernardo. Criado em 1969, o Saesa (que nasceu homônimo à autarquia são-bernardense) acabou sendo exceção na região no debate sobre o questionamento dos valores cobrados pela Sabesp na venda do metro cúbico de água, travado ainda nos anos de 1990. A condição abriu caminho para que os valores virassem precatórios aos municípios a ponto de a entrega dos serviços à Sabesp virar moeda de troca para o abatimento dos rombos.

Procurado desde a semana passada, o Saesa não respondeu aos questionamentos feitos pelo Diário. Toscano também não quis falar sobre o assunto.  




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