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Jovens não têm interesse por política
Por Daniela Dahrouge,
Diego Sartorato e
Flávia Braz
Especial para o Diário
14/08/2006 | 07:43
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Eles deixaram de acreditar em mudanças, não se lembram dos candidatos em que votaram no último pleito e mostram-se completamente alheios ao que acontece quando o assunto é a política do país. Como principal argumento para tamanho desinteresse os jovens apontam a falta de tempo. "Acho que o assunto está desgastado e no momento não tenho tempo disponível. Trabalho, estudo e não me interesso", afirma a estudante de engenharia de produção do Imes, Priscila Monguini Pedroso, 24 anos.

Para entender o que anda passando na cabeça da juventude a 48 dias das eleições, o Diário percorreu as principais universidades do Grande ABC e defrontou-se com uma triste realidade: grande parte dos jovens está desiludida com o cenário político brasileiro e como solução optou por ignorar o assunto.

"Não tenho informação sobre a política, nem sei o que está acontecendo." A opinião da estudante de psicologia da UniA, Fabiana de Freitas, 23 anos, não destoa da grande maioria. "No horário que tenho livre faço outras coisas, não leio jornal. Mais para frente dou uma conversada com a galera e aí voto", diz Érica Caetano, da mesma idade.

Nulo total – A idéia de que "nenhum político presta" parece ter tomado conta do pensamento dos universitários. Resultado: dezenas deles simplesmente têm optado pela anulação do voto.

"Nenhum candidato é bom, então prefiro anular", diz a estudante de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia Mauá Maíra Naia Coelho, 19 anos.

Teatrinho – O pessimismo permeia até aqueles que optaram por cursos na área de Ciências Humanas. "Para mim, a eleição não faz diferença. Tenho 21 anos e desde que me entendo por gente só vejo as coisas piorarem", afirma Fábio Oliveira, da Fundação ABC. Alan Roberto, também do curso de Ciências Humanas, é mais radical. "Eleição é um teatrinho que manipula as pessoas. Sou libertário e contra tudo isso. Voto nulo total."

Educação, Saúde e Segurança. Essas são, segundo a maioria dos mais de 50 jovens questionados pelo Diário, as três áreas mais deficitárias no país. "O mercado de trabalho está exigindo muito da gente e a escola pública não está oferecendo base alguma", critica a estudante de Administração de Empresas do Imes Leila Cristina Andrade Barbosa, 21 anos, que cogita anular seu voto.

Otimista – Na lista de justificativas sobre a despolitização, a descrença por mudanças está no topo. "Você parece um idiota quando diz que odeia política, mas o problema é a conjuntura, não tem nenhuma escolha boa de verdade", afirma o estudante de Letras da Metodista Felipe Salmeron, 21 anos.

Em contrapartida, no meio de tanto desinteresse e desilusão há, entre os cerca de 440 mil eleitores jovens da região – segundo dados divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo –, aqueles que ainda enxergam no processo eleitoral a única maneira de mudar o país.

"Nós jovens precisamos cobrar mais dos nossos representantes, e é da educação que deveríamos tirar os argumentos necessários. Só que ultimamente, isso não tem sido possível, por conta de tantos escândalos", lamenta Carolina Barrichello, 23 anos, estudante da Faculdade de Direito São Bernardo. (Supervisão de Lola Nicolás)




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