Setecidades Titulo
Renda de catadores de material reciclável cai
Vivian Costa
Do Diário do Grande ABC
06/04/2009 | 07:01
Compartilhar notícia


Os catadores de material reciclável da região têm trabalhado mais e ganhado menos nos últimos meses. A queda do rendimento varia entre 40% e 50%, levando muitos trabalhadores a buscar outras atividades como forma de complementar o orçamento. Mas alguns ainda mantêm a esperança de que os bons tempos possam voltar.

A coordenadora da cooperativa Vila Popular, de Diadema, Vilma Moura de Souza, é uma das otimistas. "Gosto do que faço, e espero que as empresas voltem a comprar para que nossa vida volte ao normal. Mas muitos estão sem paciência e outros já estão indo em busca de novos empregos", observa. "Temos de trabalhar dobrado para retirar um salário próximo do que ganhávamos. Antes tirávamos R$ 500, R$ 600. Agora, o rendimento está abaixo de um salário mínimo", explica.

Os valores de todos os materiais caíram. Vilma diz que um quilo de papelão passou de R$ 0,80 para R$ 0,23. Um fardo de garrafas pets prensadas caiu de R$ 1,10 para R$ 0,75. "Há produtos que os catadores nem têm pegado, como o mistão - papel que parece papelão, usado na embalagem de pizza", diz.

O presidente da Cooperpires, José Gomes Aveiro, afirma que o maior problema dos trabalhadores tem sido a queda da hora trabalhada. "Tivemos uma redução de R$ 0,70 para R$ 0,50 por hora trabalhada."

O ex-jardineiro Aguinaldo Santiago, 40 anos, de Santo André, também tem reclamado dos valores baixos pagos pelo material. "Trabalho há dez anos recolhendo material reciclável e nunca se pagou tão pouco", reclama Santiago, que tem sobrevivido às custas do salário de sua mulher, que trabalha como empregada doméstica. "Meu dinheiro está sendo apenas um complemento para nossa renda", lamenta.

Mercado - Os preços do plástico das garrafas pet, das latinhas de cerveja e refrigerante encontradas no chão e do papelão que servirá para novas embalagens caíram junto com o valor fixado no mercado internacional para commodities como derivados de petróleo, alumínio e celulose.

O professor e doutor em resíduos Paulino Coelho diz que a queda acontece porque há um desperdício muito grande dos produtos recolhidos. "Nem tudo é aproveitado por causa da contaminação. O custo da limpeza é muito alto. Por isso, muitas empresas preferem ficar com a matéria-prima, que também teve queda. Tudo é uma questão mercadológica", explica.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;