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Especialistas avaliam impacto de obras da Petrobras
Renan Fonseca
Diário do Grande ABC
07/11/2010 | 07:09
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Bióloga do Instituto de Botânica de São Paulo, Rosângela Simão Bianchini defende que o impacto causado pelas obras da Petrobras na Mata Atlântica é menos grave que a ocupação irregular. Porém, a especialista argumenta que intervenções em áreas de mata virgem muitas vezes podem causar o desaparecimento de espécies raras.

Em ocupações irregulares, o esgoto não tratado contamina diretamente o solo, provocando a destruição de grande parte da flora local.

 

Além disso, o terreno ocupado pelas casas muitas vezes não é reflorestado. “Em obras como as dos dutos da Petrobras e as do Trecho Sul do Rodoanel, os órgãos responsáveis garantem de alguma forma compensações ambientais”, observa Rosângela. “O crescimento rápido e desordenado da Região Metropolitana, por outro lado, impede qualquer tipo de compensação verde”, completa.

 

A bióloga chama a atenção para a agressão às espécies raras. Ela toma como exemplo novamente as intervenções do Trecho Sul do Rodoanel. “Na abertura da mata, encontramos muitas mudas de plantas desconhecidas pela ciência. Sem atenção especial ao resgate do bioma, muitas espécies podem se perder”, alerta.

 

COMPENSAÇÕES

De modo geral, a forma de compensação ambiental deve ser revista no Estado, como defende o coordenador do Colegiado de Engenharia Ambiental da Fundação Santo André, Murilo Valle.

 

Para ele, plantio de árvores é técnica ultrapassada. “As empresas devem apresentar outras formas de compensação, como a doação para as prefeituras de equipamento para controlar incêndios em florestas”, cita o professor.

 

Segundo o especialista, as compensações devem ser vinculadas às políticas públicas. “Cursos de capacitação e educação ambiental são muitas vezes mais viáveis, dependendo do caso.”

O engenheiro aponta a possibilidade de que as áreas recuperadas cedam espaço a ocupações habitacionais futuramente.

“É quase impossível fazer replantio em locais inacessíveis”, argumenta Valle, que questiona: “Imagine se a Petrobras cedesse um helicóptero para cada prefeitura fazer o monitoramento de ocupações irregulares em áreas de preservação”.

 

Gasodutos ampliam transporte de gás natural

 

A Gasan II vai ligar a Estação de Controle de Gás de Mauá à Estação de São Bernardo. Os dutos passam por Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo e São Paulo. As prefeituras dessas cidades devem acompanhar a intervenção e cobrar as devidas compensações ambientais. O investimento é de R$ 340 milhões.

 

O objetivo é ampliar a capacidade de transporte de gás natural no Estado. Com a obra, o consumo deverá passar de 12 para até 17 milhões de metros cúbicos por dia a partir de junho do ano que vem, conforme informações da própria empresa.

 

Segundo a Petrobras, o reflorestamento será executado em 112,22 hectares de áreas em Rio Grande da Serra, Rio Pequeno e Capivari/Pedra Branca.

 

Outro processo iniciado é o Gaspal II, que liga o Terminal de Guararema à Estação de Controle de Gás de Mauá. A previsão é de que esse trecho funcione a partir de abril. A Petrobras está investindo R$ 365 milhões na obra.

 

As cidades impactadas são Guararema, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Mauá e São Paulo.

 

Nos dois trechos, a estatal prevê que as prefeituras faturem com o recolhimento de ISS (Imposto Sobre Serviços) e a geração de 8.800 empregos diretos e indiretos.

Os valores da receita tributária não foram informados pela empresa.

 

 




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