Duas semanas depois de oficializar extensão de prazo e aumento de valores para a construção Museu do Trabalho e do Trabalhador em São Bernardo, a obra segue parada. As intervenções foram interrompidas em novembro de 2014 e, abandonadas, transformaram o canteiro em depósito de lixo e abrigo de usuários de drogas.

No dia 6, o governo do prefeito Luiz Marinho (PT) publicou no Diário Oficial o aditamento contratual com a Construções e Incorporações CEI, empresa responsável pelo projeto que tem como objetivo principal enaltecer o padrinho político do chefe do Executivo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Serão mais R$ 2,8 milhões – tudo em recurso municipal – para a empreiteira tentar fazer valer a promessa de Marinho de entregar o museu até o dia 31 de dezembro, término de seu mandato.

Nesta semana a equipe do Diário esteve no canteiro de obras em dois dias e não viu nenhum funcionário trabalhando no local. Comerciantes ao redor do museu comentaram que algumas pessoas uniformizadas vistoriaram o espaço no início da semana, mas não souberam precisar se eram trabalhadores da Construções e Incorporações CEI.

Localizado no antigo mercado municipal e instalado na região central da cidade, o empreendimento era para ter sido entregue em 2013. Inicialmente estava orçado em R$ 18 milhões, com dinheiro federal. Marinho pediu R$ 800 mil adicionais e foi atendido pelo governo federal. Depois, já com a obra atrasada, solicitou mais R$ 4,5 milhões.

O Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) emitiu parecer desfavorável ao aditamento financeiro alegando que a Prefeitura de São Bernardo não executou etapas prévias que poderiam ter sanado falhas detectadas posteriormente. O Ministério da Cultura acatou a recomendação do Ibram e, mesmo sob ataques de Marinho, brecou o repasse.

Em fevereiro, Paula Leite Cordeiro, diretora da Construções e Incorporações CEI, informou que “a entrega do prédio poderia ser feita em alguns meses, tão logo seja autorizada a retomada das obras”.
“A estrutura está praticamente concluída. A obra em questão não foi concluída porque sua execução está temporariamente suspensa por determinação da contratante”, disse, à época.
O governo Luiz Marinho não se posiciona a respeito do Museu do Trabalho e do Trabalhador.

LARANJA
A Construções e Incorporações CEI é investigada pelo MPF (Ministério Público Federal) por uso de laranja no quadro societário. Desempregado de Diadema possuía R$ 10,4 milhões em cotas da empresa sem ter conhecimento. Após o Diário revelar o caso, o então diretor se desligou da empresa. A CEI nega as irregularidades citadas.