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Igrejas cristãs do país entram na campanha pelo desarmamento
Da Redação, com AE
22/05/2005 | 09:47
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Católicas, ortodoxas, presbiterianas e luteranas, entre outras igrejas cristãs brasileiras, aderiram neste sábado à Campanha do Desarmamento. Elas abrirão suas portas em todo o país para a entrega voluntária de armas de fogo. O objetivo do evento é arrecadar 100 mil armas, nos cerca de 300 “novos postos” da campanha. Em São Bernardo foi realizada neste sábado Caminhada pela Paz e o Desarmamento, reunindo representantes da Igreja Metodista e de outras religiões cristãs, além de organizações não-governamentais, como o Instituto Sou da Paz. A ação conta com a parceria da Polícia Federal e da organização não-governamental Viva Rio. A Campanha do Desarmamento, lançada pelo governo federal em julho do ano passado, já recolheu cerca de 300 mil armas de fogo em todo o país.

Cerca de 400 manifestantes reuniram-se por volta das 15h na praça São João Batista, no centro de Rudge Ramos. Eles saíram simultaneamente, por volta do meio-dia, de três pontos. Um grupo iniciou a caminhada na vizinha São Caetano. Outros dois saíram de São Bernardo – do local conhecido como “Três postos” na Rua Vergueiro, e da saída para o Caminho do Mar. O segundo evento do dia reuniu pelo menos mil pessoas de diversas denominações cristãs no campus da Universidade Metodista para celebrar ato em favor da paz e do desarmamento. Perto dali, na Igreja Metodista do bairro Rudge Ramos, um posto montado pela Polícia Federal iniciou a coleta de armas às 8h, segundo a coordenadora Ângela Maria de Oliveira.

Lideranças religiosas aderem entusiasmadas à campanha. “Muitas pessoas se sentem mais confiantes em entregar suas armas em igrejas do que nas delegacias de polícia. Esse motivo se fortalece, quando observamos que de cada 10 armas entregues, nove são ilegais”, afirma o pastor luterano Ervino Schmidt. Já o frei Gabriele Cipriani ressalta que “o desarmamento é um assunto espiritual”. Antonio Rangel, do movimento Viva Rio, ressalta que está errada a argumentação de que a campanha desarma os cidadãos de bem. “A campanha busca diminuir o número de acidentes, mortes em brigas entre parentes e suicídios. Só os acidentes são responsáveis por um terço das hospitalizações relacionadas a armas de fogo”, diz Rangel.

Vítimas – As igrejas cristãs também são vítimas da violência armada. A afirmação é do reverendo José Pontes, da Igreja Metodista, um dos coordenadores do Mutirão Nacional de Entrega de Armas. “Conheço casos de pastores que já foram assaltados antes de chegar à igreja, e até mesmo durante o culto. Algumas igrejas nem podem abrir os templos para realizar os cultos à noite por causa da violência”, afirma. Segundo o reverendo, mais de 50 igrejas cristãs paulistas se cadastraram no mutirão. Os pastores e padres receberam treinamento sobre o recolhimento das armas e orientações para os fiéis. 

Calheiros – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), participou neste sábado pela manhã de solenidade, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana, em Brasília, de destruição de armas de fogo. Acompanhado da mulher Verônica, o presidente do Senado destruiu uma pistola 765, entregue pelo coronel aviador da Aeronáutica, Heinz Gramkow. “O Brasil é campeão mundial de assassinatos por arma de fogo. Todas às vezes que se tira as armas de circulação a criminalidade diminui”, disse Calheiros, que foi relator do Estatuto de Desarmamento e do projeto de decreto legislativo que prevê a realização de referendo popular sobre a comercialização de armas de fogo.




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