Economia Titulo Informalidade
Crise agrava situação de trabalho precário no Brasil
Da Agência Brasil
03/05/2009 | 07:03
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Problemas estruturais da economia brasileira poderão ser agravados na conjuntura da crise financeira internacional. A crise, que já trouxe perda de emprego e de renda, tem um potencial de ocasionar aumento do uso de mão-de-obra sem contratação formal.

"Em uma recessão, a informalidade tende a aumentar exatamente porque as empresas querem reduzir o custo da mão-de-obra e os trabalhadores querem evitar perder salário", explicou o economista José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio.

A partir de dados mais recentes, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas divulgada no ano passado contabilizou que a informalidade cresceu também no momento de expansão da economia brasileira, antes da crise iniciada no segundo semestre. Segundo a FGV, a economia informal cresceu 4,7% até junho do ano passado e 8,7% em 2007.

Para Camargo, a legislação trabalhista brasileira gera "enorme incentivo à informalidade". Ele exemplifica seu raciocínio citando a aposentadoria. "Como o trabalhador tem direito a uma pensão aos 60 anos de idade de um salário mínimo, independente de ter contribuído para a previdência social, existe aí um enorme incentivo para que empresários e trabalhadores negociem esta cunha com uma renda maior e um custo menor da mão-de-obra."

O economista Fernando Botelho, pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), pondera que "quando a economia cresce aumentam a disponibilidade de crédito e as condições para que as empresas contratem formalmente". Mas ele avalia que se o governo tivesse insistido na agenda de reformas durante o primeiro mandato (2003-2006), o País estaria menos vulnerável.

Além da informalidade, os economistas temem aumento do trabalho infantil. Havendo recessão, os setores mais vulneráveis da sociedade poderão ser especialmente atingidos. Camargo, da PUC-Rio, explica que a oferta de trabalho infantil está relacionada à pobreza das famílias, "criança que trabalha é de família pobre".

"Uma parte substancial das famílias brasileiras pobres necessitam dos recursos, das rendas geradas dos trabalhos dos seus filhos para ter um padrão de vida minimamente razoável", lamentou.




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