Embora sinalize novos cortes na chamada Selic, a taxa básica de juros utilizada como referência para os juros praticados no mercado, Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, não se mostra incomodado quanto ao custo do crédito e o spread bancário praticado no País.

Apesar de fortemente criticado pela totalidade dos setores produtivos, o Banco Central tem mostrado uma política cuidadosa, de cortes lentos e redução gradual dos juros. As pressões dos setores industriais e comerciais não abalam o discurso de Meirelles. "Estamos trabalhando para um crescimento sustentável, sem aquele desequilíbrio que víamos anteriormente", afirmou o presidente do Banco Central durante o fórum promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). "É claro que vão discordar. Não existe consenso e Nelson Rodrigues já dizia que toda unanimidade é burra."

Não é o que pensa o governador do Estado de São Paulo, José Serra. "Dentro de um contexto de deflação como o nosso, é um exagero manter essa política monetária que vemos hoje", reclama. Para ele, a grande falha está justamente na morosidade das decisões que vêm de Brasília. "O Brasil falhou na política monetária. Entramos muito atrasados nas medidas de combate à crise", comenta. "O Banco Central pode entrar no Guiness (livro dos recordes) como recorde de demora para ação diante da crise. Levaram seis meses para esboçar uma política monetária apropriada."