São Caetano é a cidade do Grande ABC que mais investiu no tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus neste ano. Foram R$ 83 milhões em gastos relacionados à pandemia, segundo dados fornecidos pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Apesar disso, o município foi o que menos conseguiu evitar mortes na região, registrando o maior número de óbitos pela doença a cada grupo de 100 mil habitantes. Especialista aponta que a política do prefeito interino Tite Campanella (Cidadania) no combate à proliferação do vírus, a menos rigorosa do bloco, pode ter contribuído para a grave distorção entre aplicação de dinheiro público e perda de vidas.

Administrada por um vereador abertamente negacionista, que negligenciou a fiscalização às regras sanitárias em nome da popularidade justamente no período mais grave da pandemia, São Caetano viu explodir o número de infectados. Apenas em 2021, foram 9.207 casos confirmados da doença na cidade. Em cada um deles, a Prefeitura gastou R$ 9.001,23 – quase o dobro do verificado em São Bernardo (R$ 4.691,09), município muito mais eficiente no quesito vidas preservadas.

Consultado pela reportagem do Diário, que foi a campo em busca de explicações para a tragédia são-caetanense, o infectologista Carlos Magno Fortaleza lembrou que, no começo da pandemia, ano passado, o município era referência em ações antiCovid. Na época, a cidade era administrada por um médico, José Auricchio Júnior (PSDB) – o que, à luz do momento, expõe o tamanho do erro que o tucano cometeu ao indicar Tite Campanella para ocupar seu lugar quando a Justiça lhe cassou o direito de se sentar na cadeira que havia conquistado nas urnas.

São Caetano é a prova definitiva de que, se faltar gestão, não basta ter muito dinheiro em caixa para solucionar questões administrativas complexas. Evidencia, também, que um bom prefeito não se faz da noite para o dia, em decisões palacianas não referendadas pelo eleitor. Tudo muito lamentável – especialmente para familiares e amigos dos 930 são-caetanenses que perderam a vida para o coronavírus.</CW>