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Na pandemia, exportações da região superam as importações

Balança comercial reverte deficit e fecha 2020 com superavit de US$ 590 milhões

Por Yara Ferraz
20/02/2021 | 00:12
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Divulgação/Fotos Públicas


Mesmo em ano de pandemia do novo coronavírus, a indústria da região conseguiu ampliar as vendas para outros países em 2020. A balança comercial do Grande ABC teve superavit – quando o número de exportações supera o de importações – de US$ 590 milhões, ou seja, considerando a cotação do dólar comercial de ontem, aos R$ 5,38, são R$ 3,174 bilhões. O resultado reverte o deficit de 2019 motivado pela crise da Argentina e pela saída de empresas da região, como, por exemplo, a Ford de São Bernardo.

O levantamento foi feito pelo Diário com base nos dados de comércio exterior dos municípios disponibilizados pelo Ministério da Economia. Apesar do resultado regional positivo, as cidades de Santo André (-US$ 3,4 milhões), Diadema (-US$ 227,6 milhões) e Mauá (-US$ 230,5 milhões) fecharam o ano passado em deficit (veja mais na arte acima).

Em compensação, os números de São Bernardo (US$ 700 milhões) e São Caetano (US$ 298,6 milhões) ficaram positivos (junto com Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). O resultado das duas primeiras cidades – que, juntas, concentram cinco montadoras – ilustra a recuperação gradativa da indústria automotiva (veja mais informações sobre os principais produtos na arte abaixo). De acordo com números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), mesmo em patamares menores do que os de anos passados, o setor teve produção mensal que saltou de 43,1 mil unidades em maio para 209,3 mil em dezembro – o que representa alta de 22,8% na comparação com dezembro de 2019.

De acordo com o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) São Bernardo, Cláudio Barberini Junior, houve uma retomada forte da indústria automotiva a partir do segundo semestre. “Temos que lembrar que 2019 foi um ano muito ruim e, mesmo sem a pandemia, tivemos uma forte crise econômica. Entramos em 2020 com uma perspectiva de melhora, quando veio a pandemia. A indústria conseguiu atingir níveis razoáveis no segundo semestre, e pelo menos conseguiu retomar as perdas”, afirmou. O ano de 2019 havia quebrado ciclo de cinco anos seguidos de superavit no comércio exterior do Grande ABC.

Outra questão que pode explicar os números da região é a origem da pandemia: na China. Apesar de insumos vindos do país asiático ainda serem extremamente importantes para a indústria local, criou-se um movimento de descentralizar essa dependência. “Todo o Brasil ainda é muito dependente da China, principalmente em matéria-primas e componentes. Quando a China tem um problema, como o do ano passado, reflete diretamente aqui. Mesmo que a produção daqui seja mais cara, muitas empresas reativaram linhas de produção. Isso é algo que seria muito benéfico às montadoras, por isso a diminuição do custo Brasil é crucial para que o País seja mais competitivo”, disse.

Para o professor de economia da Fipecafi Silvio Paixão, as reformas são muito importantes para promover maior competitividade. “Em termos governamentais, temos problemas importantes. Acredito que seja necessária, primeiro, uma reforma administrativa, antes do que a tributária. É essencial reduzir o tamanho do custo da maquina pública. O País precisa ser mais eficiente, não basta o empresário ser eficaz, mas todo o País precisa se mostrar competitivo, que é fazer mais gastando menos.”

Governo Biden tende a favorecer comércio exterior do Grande ABC

Para manter em alta as exportações da indústria do Grande ABC e do País ao longo de 2021, um fator deve contribuir: o novo governo dos Estados Unidos. O democrata Joe Biden, que assumiu recentemente a presidência do país norte-americano, é visto com bons olhos pelos empresários, devido ao fato de apresentar um discurso menos nacionalista do que seu antecessor, o republicano Donald Trump.

“A relação entre Brasil e Estados Unidos tem tudo para ser melhor do que já foi. O discurso do novo presidente não se mostra avesso ao Brasil, além de ser mais equilibrado na questão de relação com países que tragam algum tipo de possibilidade de comércio saudável. O Brasil tem capacidade para atender isso, inclusive na indústria automotiva, mas, para isso, é preciso ter mais competitividade”, assinalou o professor de economia da Fipecafi Silvio Paixão.

O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Cláudio Barberini Junior, também acredita nisso. “O Trump era nacionalista, o que fechava mais o mercado. Já a posição do Biden é de globalização.”

Segundo Paixão, este ano tem tudo para ser melhor do que 2020. “É claro que ainda precisamos de mais tempo para analisar. E tudo isso depende do andamento da vacinação contra a Covid.”  




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