Em 31 de março passado, a diretora do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Naçoes Unidas, Catherine Bertini, lançou o grito de alerta. Centenas de milhares de albaneses do Kosovo se encontrarao ameaçados pela fome em ``10 ou 15 dias'.
Onze dias mais tarde, os relatos dos refugiados que chegaram recentemente à Albânia e as estimativas dos especialistas fazem temer o pior.
``A situaçao alimentar é muito difícil para as pessoas encurraladas nas zonas controladas pelo Exército de Libertaçao do Kosovo (UCK), que em sua maioria foram atacadas neste verao (boreal) e nao dispoem praticamente de nenhuma reserva', assegura Cyril Ferrand, agrônomo da ONG francesa Action Contre la Faim, atualmente em açao na Macedônia.
``Muitas pessoas desabrigadas pelos combates nao puderam fazer a colheita este verao e as reservas dos que puderam fazê-lo foram destruídas; além disso, semear também tem sido difícil', acrescentou.
Segundo a Otan, 200.000 pessoas vivem atualmente nas montanhas. ``O que quer dizer que seu abastecimento é difícil', reconheceu no sábado seu porta-voz, Jamie Shea.
Antes da evacuaçao de todas as ONGs, mais de 210.000 kosovares dependiam das cestas básicas do PAM para comer, contendo 12 kg de farinha, um litro de azeite e um quilo de açúcar por pessoa, ou seja, 3.150 toneladas distribuídas por mês.
``Hoje nao temos informaçoes confirmadas, mas nossa impressao é de que a situaçao é terrível', afirma Laura Linnenbeck, membro da missao do PAM em Kosovo, também representada em en Skopje.
Em Kukes (norte da Albânia), Jeff Rowland, também do PAM, confirma que se trata de ``nosso maior problema, há muitas mulheres e crianças e sua situaçao se deteriora rapidamente'.
Jakup Bulatovci, 50 anos, chegou este domingo ao posto fronteiriço albanês de Morine. ``Há dias comíamos apenas tortas de farinha; somente as mulheres idosas se atreviam a sair, mas os escassos comércios abertos sao sérvios e se negavam a atender os albaneses', afirmou.
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