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Região tem dois casos por dia de intoxicação via medicamentos

Uso combinado de remédios é alvo de alerta por parte de especialistas da área

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/05/2018 | 07:00
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EBC


 A dor de cabeça, garganta, ou qualquer outra indisposição que perturbe tem, nos remédios, alívio, porém, o uso excessivo de pílulas e xaropes pode gerar problema mais grave. No ano passado, o Grande ABC registrou 848 casos de intoxicação por medicamentos, número que representa 9,63% das ocorrências do Estado (foram 8.810 registros). São Bernardo é a segunda cidade paulista que mais contabilizou o transtorno (514), perdendo apenas para a Capital (2.022). A situação causou, ainda, nove mortes em 2017. 

Os dados, disponibilizados pelo Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde, servem de alerta, tendo em vista o Dia Nacional pelo Uso Correto de Medicamentos, hoje, data instituída pelo Conselho Nacional de Entidades Estudantis de Farmácia.

“Esses números podem até ser maiores, pois muitos casos confirmados são os que chegam ao extremo e vão para o hospital em situação grave, mas muitas vezes o paciente acaba se sentindo mal e não vai para o hospital ou vai e não é diagnosticado nem se dá conta de que o medicamento pode ter trazido o problema”, fala o presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo), Marcos Machado Ferreira.

Um dos principais agravantes é fazer combinar dois medicamentos simultaneamente. “Se tomo o medicamento A, mas começo a tomar o B, eles podem interagir entre si e causar uma intoxicação ou um parar de fazer efeito”, explica a farmacêutica e professora associada da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Patricia Moriel. “(Os remédios) Podem resultar em uma intoxicação hepática, renal, alterar o sistema nervoso, dar reações de pele. São vários órgãos e sistemas que podem ser alterados em uma intoxicação”, completa.

O presidente do CRF-SP pontua que, diante de desconfortos, como uma dor de cabeça, o uso de medicamentos isentos de prescrição pode ser feito, mas não se deve dar continuidade à ação na persistência dos sintomas. “A gente pede que a população tenha a preocupação de conversar com os farmacêuticos para se orientar corretamente e também chamamos a atenção deles e dos profissionais de Saúde que se atentem em perguntar se os pacientes estão usando algum outro tipo de medicação, porque é possível ajudar se houver alguma dúvida”, diz Ferreira. “Medicamentos, muitas vezes, não são solução e causam problemas, por isso, é preciso usar corretamente.”

CONSCIENTIZAÇÃO

Desde 2017, está em andamento na região o projeto Plano de Ação Regional de Educação Permanente em Saúde, que envolve as sete cidades, denominado Ciclo de Oficinas de Qualificação da Assistência Farmacêutica na Região do Grande ABC – Uso Racional de Medicamentos no SUS (Sistema Único de Saúde), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde. O projeto, que discute com profissionais da área conceitos, percepções, preocupações e estratégias prioritárias para o desenvolvimento de ações no setor, encerra neste mês. As prefeituras, no entanto, afirmam que incorporarão as práticas do uso racional de medicamentos no cotidiano dos serviços de Saúde municipais.




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