Economia Titulo Assembleia
Operários da Ford contestam demissões

Sindicato alega que os 364 cortados teriam
estabilidade até janeiro e paralisa produção

Gabriel Russini
Especial para o Diário
12/08/2017 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


Em assembleia realizada na manhã de ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em frente ao portão 18 da Ford, trabalhadores da planta de São Bernardo posicionaram-se contra as 364 demissões anunciadas por telegrama pela montadora. Foi aprovado durante o ato que os colaboradores em lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho) irão aguardar posicionamento da companhia e, enquanto isso, não vão assinar a rescisão de trabalho.

Como forma de apoio aos operários dispensados, o sindicato orquestrou a paralisação do setor de estamparia, considerado estratégico à produção, ao longo do dia.

“Enquanto a empresa não se posicionar, vamos continuar com as assembleias até que algo seja feito a respeito”, comentou o diretor executivo do sindicato e eletricista eletrônico da Ford, Alexandre Colombo. “Enquanto isso, vamos paralisar outros setores também”, avisou.

O próximo ato será realizado na quarta-feira, às 6h, se até lá a situação não for solucionada. A montadora não vai operar segunda nem terça-feira, já que foram concedidos os chamados down days, descanso remunerado com desconto no banco de horas, aos cerca de 3.000 funcionários do chão de fábrica – ao todo, são 4.000 empregados.

Na avaliação do coordenador do comitê sindical na empresa, José Quixabeira de Anchieta, a Ford agiu de maneira irresponsável ao romper negociação com a entidade, sendo que o acordo coletivo em vigor – negociado no fim de 2016 – prevê a estabilidade dos trabalhadores até janeiro de 2018. “Estávamos debatendo o futuro da fábrica e, de repente, vieram os telegramas. Estamos abertos a dialogar com a empresa, mas enquanto não houver solução a luta vai continuar.”

Segundo um trabalhador da Ford que preferiu não se identificar, nem todos os 364 receberam o telegrama anteontem. “Um amigo meu recebeu ontem (quinta-feira) porque o lay-off dele venceu. É bem provável que eu receba algo na semana que vem, já que o meu (contrato) termina na próxima quarta-feira”. Conforme o sindicato, a empresa alega que já utilizou as ferramentas de flexibilização possíveis e se recusa a abrir novo PDV (Programa de Demissão Voluntária).

“A empresa nos disse que não possui a intenção de trazer mais modelos para cá”, informou outro trabalhador que pediu sigilo. Hoje é produzido em São Bernardo apenas o New Fiesta, além dos caminhões.

O vice-presidente da entidade, Paulo Cayres, também funcionário da Ford, ressaltou que somente a luta da categoria irá garantir os postos de trabalho. “Nossa assembleia de hoje (ontem) está buscando alternativa com respeito e dignidade. Não dá para aceitar que companheiros com mais de 15, 20 anos de casa sejam tratados desta maneira”.

Até o fechamento desta edição, a montadora não havia se posicionado sobre o pleito do sindicato para reverter as demissões nem se haverá reuniões com a entidade.  




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