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'O Retorno do Rei' é a barbada do Oscar
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
28/02/2004 | 17:09
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Todas os vaticínios apontam para um consenso: 2004 é o ano de coroação da saga O Senhor dos Anéis. Finda a trilogia com O Retorno do Rei, as premiações ao redor do mundo não mais se censuram para avalizar o trabalho do diretor Peter Jackson, uma verdadeira ilíada de adaptação do catatau literário de J.R.R. Tolkien. O Globo de Ouro, o britânico Bafta e o Directors Guild of America já premiaram a obra. Resta o Oscar.

Caso ganhe neste domingo à noite todas as 11 estatuetas às quais está indicado, O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei se igualará aos recordistas com o maior número de Oscar da história, Ben-Hur (em 1960) e Titanic (1998). Outra marca que já pertence ao filme de Jackson é a de ser apenas a segunda trilogia a ter todos os seus três filmes candidatos ao prêmio principal, tal qual O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola.

Nas ocasiões anteriores, o tríptico tolkeniano compareceu à categoria de melhor filme, com A Sociedade do Anel (2002) e As Duas Torres (2003). A recusa em condecorar os dois filmes justificou-se por um suposto temor dos membros da Academia: conceder-lhes os Oscar por ainda não saber se a qualidade seria mantida até o último filme. A boa recepção de crítica e público de O Retorno do Rei – atualmente o filme só perde em audiência mundial para Titanic – acarpetaram seu caminho.

Os Oscar de filme e direção para Jackson são dados como certos. Na contenda, esbarram principalmente no épico Mestre dos Mares, filme de Peter Weir indicado a dez prêmios, e em Sobre Meninos e Lobos, magistralmente dirigido por Clint Eastwood. Entretanto, se o raciocínio da Academia perseguir o critério de premiar os “sem-Oscar”, dará de ombros para Eastwood, outrora laureado por Os Imperdoáveis (1993).

O Retorno do Rei pode até acanhar seus concorrentes em outras modalidades, mas tangenciou as de atuação. O diretor Jackson protestou recentemente por não presenciar nenhum de seus atores entre os indicados – o que realmente não é o forte da trilogia.

Charlize – As categorias de interpretação possuem também seus favoritos. Entre os atores principais, salvo zebra, o duelo deverá se dar entre a comédia e a tragédia, ou seja, entre Bill Murray (Encontros e Desencontros) e Sean Penn (Sobre Meninos e Lobos). Do lado das atrizes, não há para ninguém: Charlize Theron, vencedora da Berlinale e do Globo de Ouro, deve embolsar a estatueta pelo papel de uma serial killer em Monster, para o qual sacrificou a beleza em favor da interpretação. Entre os coadjuvantes, Tim Robbins (Sobre Meninos e Lobos) e Renée Zellweger (Cold Mountain) lideram as apostas.

Briga boa entre os concorrentes de roteiro original, no qual a animação Procurando Nemo surpreende ao emparelhar com o canadense As Invasões Bárbaras (também favorito entre os filmes estrangeiros) e com Encontros e Desencontros. Se confirmada a expectativa, este último deve sagrar-se vencedor e consolar a novata diretora Sofia Coppola, que corre por fora nas categorias direção e filme.

É o modo, absolutamente cínico, de a Academia manifestar seu apreço por novos talentos.




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