Política Titulo Entrevista
‘Jefferson fará alteração de base eleitoral’
Por Humberto Domiciano
Diário do Grande ABC
27/03/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O parlamentar estadual e presidente paulista do PTB, Campos Machado, destacou em entrevista ao Diário que o partido deve efetivar a mudança de domicílio eleitoral e lançar o ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro Roberto Jefferson como candidato a uma cadeira na Câmara, por São Paulo. A proposta é que o político fluminense seja puxador de votos da legenda no pleito de 2018. “Ele foi aplaudido de pé em um restaurante.”

Campos reforçou apoio ao nome de Alckmin à Presidência, descartando eventual apoio a João Doria na disputa. “O segundo escalão dele está achando que o Doria pode ser um novo Jânio Quadros”, disse, acrescentando que tem reparos contra o tucanato.

Como o senhor avalia o atual ritmo dos trabalhos da Assembleia Legislativa de São Paulo?

Estamos com uma mesa diretora nova, com o presidente Cauê Macris (PSDB) e a cada biênio renovamos as comissões da Casa, regimento arcaico, e vamos escolher as comissões. Desta vez até a sexta-feira vamos ter todas as comissões aprovadas. Tendo em vista as eleições de 2018, quando os trabalhos perdem o ritmo, queremos trabalhar mais do que foi trabalhado no ano passado. Estamos em um mundo em que a descrença política cresce e os oportunistas de plantão aproveitam as oportunidades para denegrir a classe política. Temos situação difícil. Defendo que façamos política não apenas em nível nacional, mas também estadual, no verdadeiro sentido.

O senhor tem falado que o Brasil corre o risco de enfrentar uma ''ditadura do Judiciário'', por conta dos conflitos de competência, em que o STF tem legislado em muitas situações que envolveram o Senado e a Câmara Federal. Acredita mesmo que a situação justifica o termo?

Estamos caminhando para uma ditadura judiciária. Por exemplo, a prisão preventiva era exceção e virou regra. Um juiz decreta a preventiva e já vira pré-condenação, a pessoa fica presa seis meses e se for absolvida? Quem vai ressarcir? A condução coercitiva só é cabível quando a pessoa recebe intimação e não comparece. Como explicar uma condução coercitiva às 6 (horas) da manhã, com viaturas e sirenes? No caso do Senado, quando foi feita a invasão para prender policiais da Casa, aqueles policiais eram de um poder, só o Supremo poderia eventualmente fazer uma diligência e não tinha competência para fazer. O MP quer fazer os dez mandamentos, com autorização do uso de provas ilícitas, qualquer prova desde que apure responsabilidade será usada, pode cercear habeas corpus. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma declaração dura e o coordenador da Lava Jato (Carlos dos Santos Lima) ameaçou sair se não fosse atendido. Ele é funcionário público, não pode sair e não teve qualquer advertência para ele.


Qual a opinião do senhor sobre a lista fechada?

Acho que lista fechada pode passar. A renovação com essa visão que ninguém presta na política vai ser muito grande. Sou contra a proposta porque é discricionária, no meu caso sou o primeiro da lista em São Paulo, mas não seria justo com as lideranças emergentes. Posso impedir a criação de novas lideranças com essa medida. Precisamos encontrar um outro meio. Acredito que poderia ser um sistema misto, metade pela lista e metade pelo voto, que é o sistema alemão. 

No ano que vem o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, delator do Mensalão, poderá ser candidato? Já anunciou essa pretensão?

A filha do Roberto Jefferson (Cristiane Brasil) é deputada federal pelo Rio de Janeiro. Eu convidei ele para ser candidato por São Paulo. Pelo que estou sentindo nas ruas, as pessoas o param para conversar e aconteceu algo impressionante: ele foi aplaudido de pé em um restaurante. Faremos um evento em breve para apresentar a alteração do domicílio eleitoral dele.

O senhor acredita que o prefeito paulistano, João Doria, possa ser o candidato do PSDB à Presidência ou, então, candidato ao governo do Estado?

Perdemos a eleição no ano passado. A minha esposa Marlene Campos Machado (PTB) foi vice do Celso Russomanno (PRB) e o João Doria ganhou numa situação atípica. Ele é uma pessoa que sabe fazer marketing, mas foi eleito para ser prefeito, assumiu compromissos e deve ficar os quatros anos. O povo não vai aceitar mais que se use o posto como trampolim. Só temos dois meses e meio de gestão, ele é trabalhador, mas por enquanto está só no Centro da cidade. Eu não acredito que ele pense nessa perspectiva de sair do cargo. O que acontece é que o segundo escalão dele está achando que o Doria pode ser um novo Jânio Quadros ou até um novo José Serra (PSDB). Hoje a situação é totalmente diferente, a população começa a cobrar. Nós, do PTB, não temos a menor condição de apoiar. Gestão e liderança são coisas diferentes. Se conheço bem o prefeito João Doria, tenho certeza que ficará os quatro anos. Os gestores têm compromissos. Doria é, antes de tudo, um político hábil e competente. Se não fosse político não teria costurado apoio de 15 partidos ao projeto dele.

O Diário publicou recentemente que o PTB apoia Alckmin e não o PSDB à Presidência. Caso o governador não seja escolhido pelos tucanos, como candidato, o PTB poderá lançar candidato próprio? Quais seriam esses nomes?

Temos um compromisso apenas com o Geraldo Alckmin. Tenho alguns reparos ao PSDB, mas o Geraldo está acima do partido. Ele é o nosso candidato à Presidência da República. Demos a alternativa a ele, caso saia do PSDB, algo que eu não acredito que aconteça. Mas se, por ventura, ele sair não pode ir para outro partido com as mesmas divergências, com gente contra ele, como tem no PSB também. No PTB, eu e o presidente Roberto Jefferson somos a favor dele. Na semana passada levei seis deputados do Rio Grande Sul para almoçar com o Geraldo, já tinha levado o senador Armando Monteiro (PTB-PE). É diferente a situação. Não temos a menor condição de apoiar outro candidato que não seja ele. Em São Paulo temos quatro vagas para disputar. A de governador, o vice e dois senadores. Não seremos a cabeça de chapa, mas seguramente estaremos em algum cargo majoritário nas eleições de 2018 em São Paulo. Nada vai ser feito de maneira que prejudique o governador. Não temos segunda opção.

O PTB está mobilizado em todo o Estado e também no País em campanha de filiação. Qual a expectativa do partido?

Nossa meta é chegar a 700 mil filiados no Estado. Vamos tentar passar o PMDB, que é o partido com mais filiados. Estamos sugerindo que seja feito em nível nacional. Só de ex-prefeitos estamos trazendo 15 e dos atuais menos de dez não terei até o fim do ano.




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