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Reencontro com mãe pode ter motivado fuga de irmãos assassinados
Por Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
17/09/2008 | 07:06
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Reencontrar a mãe após cinco anos sem contato pode ter instigado os garotos Igor Giovanni, 12 anos, e João Vitor, 13, a fugir de casa dois dias antes de serem assassinados, no último dia 5 de setembro, em Ribeirão Pires.

Os irmãos teriam visto a mãe, Claudia Lopes dos Santos, em uma igreja há cerca de dois meses. Familiares contaram que os três marcaram um encontro dias antes do assassinato, mas Claudia não apareceu.

Para a psicóloga Verônika Ferber Topio, do Abrigo Novo Rumo, onde os irmãos viveram até o início deste ano, o reaparecimento da mãe biológica pode ter reacendido conflitos nas crianças, que, no início do abrigamento pediam para voltar a viver com ela. "Acho que a fuga das crianças tem muito mais relação com o aparecimento dessa mãe do que propriamente com problemas que tenham acontecido dentro de casa", avalia Verônika.

Se estivessem vivos, Igor e João Vitor ainda seriam acompanhados por Verônika. Desde 2007 até o mês passado, ela avaliou psicologicamente os irmãos, o pai João Alexandre Rodrigues, 39, e a madrasta Eliane Aparecida Antunes Rodrigues, 35, - acusados de assassinar as crianças.

Assim como Edna Amante, a conselheira tutelar que levou os meninos de volta para casa dois dias antes de serem assassinados, Verônika também sofreu críticas a respeito de sua conduta com os garotos.

Psicóloga do Abrigo Novo Rumo, foi ela quem redigiu os laudos sobre as condições dos meninos e da família até o momento em que a Justiça decidiu pela volta de Igor e João Vitor para casa.

"Estão dizendo que nos laudos colocávamos que as crianças manipulavam suas intenções. No meu laudo jamais coloquei isso. O que consta ali é uma frase de um evento que aconteceu isoladamente no abrigo, em uma situação em que um deles mentiu, disse que foi o colega que havia feito algo e não ele", defende-se a psicóloga.

"Estão colocando isso de uma forma tão absurda como se as crianças estivessem dizendo: ‘minha mãe está me batendo' e eu dizendo: ‘não você está mentido'", afirma Verônika, que diz ainda ter pedido pela continuidade de apoio psicológico à família e às crianças e que o desabrigamento foi uma decisão judicial.

A psicóloga diz que gostaria de ser ouvida pela polícia. Contudo, nos próximos dias quem deverá depor é a conselheira tutelar Edna Amante. Ontem, peritos se reuniram para elaborar os laudos que integrarão o inquérito policial. (Colaborou André Vieira)




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