Política Titulo Ação contra Aedes
Proposta da FUABC gera desconforto no Consórcio

Presidente da Fundação se colocou à disposição
para compra de testes, mas colegiado cobra diálogo

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
13/02/2016 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


A proposta da presidente da FUABC (Fundação do ABC), Cida Damaia, em colocar a entidade à disposição para compra de testes rápidos de identificação de doenças relacionadas ao mosquito Aedes aegypti causou desconforto no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

O coordenador do GT (Grupo de Trabalho) de Saúde do colegiado e secretário da área em Santo André, Homero Nepomuceno Duarte (PT), era o mais contrariado, justamente porque Cida era sua secretária adjunta na Prefeitura andreense. Em reuniões ontem pela manhã e à tarde, ele alegou a técnicos do setor nas sete cidades que não foi consultado nem comunicado antes de Cida falar ao Diário sobre a possibilidade.

Também houve mal-estar porque muitos interpretaram que Cida cobrou o governo federal pelo envio de verba para auxílio dos municípios no combate e tratamento das enfermidades relacionadas ao Aedes e pouco culpou o governo do Estado no caso. O colegiado de prefeitos hoje é comandado por Luiz Marinho (PT), de São Bernardo, com influência na gestão de Dilma Rousseff (PT), e a cúpula do órgão é massivamente petista.

A mandatária da FUABC afirmou que a entidade poderia adquirir os testes rápidos contra dengue, zika vírus e chikungunya, em parceria com o governo federal. Segundo ela, fundações são regidas por leis específicas de licitações, com artigos flexibilizados, o que poderia agilizar a vinda dos equipamentos de identificação das doenças, uma vez que o Instituto Adolfo Lutz, do governo do Estado, desde o ano passado não consegue dar conta da demanda estadual para reconhecimento de pacientes infectados.

No início do mês, Homero declarou publicamente que os municípios não dispunham de recursos financeiros para comprar os itens de diagnóstico, ressaltando que as prefeituras trabalhavam apenas com o número de notificações de casos. Sem a certeza das áreas mais atingidas pela doença, pode haver desperdício de força humana e até dinheiro público, já que o combate fica descentralizado.

A equipe do Diário tentou falar com Homero ontem durante todo o dia. Apenas uma nota foi enviada, em nome do Consórcio, sem detalhar se a proposta de Cida Damaia será considerada pela entidade regional. No documento, a instituição diz que “as cidades do Grande ABC estão rigorosamente cumprindo a sua parte no pacto estabelecido para o combate ao mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus”. “Vale lembrar que o Plano de Vigilância, Prevenção e Controle da Dengue do Estado de São Paulo 2014–2015 estabelece que cabe às cidades dar assistência à população e coletar exames. Mas o Estado é responsável pela realização dos testes.”

Das sete prefeituras consultadas sobre a possibilidade, nenhuma confirmou contato oficial da FUABC. Nos cálculos do Consórcio, cidades como Santo André e São Bernardo teriam de gastar R$ 4 milhões para adquirir os testes rápidos.

Estado entrega remédio após MP apurar caos no Mário Covas

No mesmo dia em que o Diário mostrou que o Ministério Público foi acionado para investigar os problemas de falta de remédio e fila excessiva no Hospital Estadual Mário Covas, a Secretaria do Estado da Saúde disponibilizou um dos medicamentos de alto custo a uma paciente que aguardava há meses pela fórmula.

Uma moradora de São Bernardo foi informada ontem que a Mesalazina 500 mg estava à disposição, na Farmácia de Alto Custo do Hospital Mário Covas. O remédio serve para combater o sintomas de reações inflamatórias no cólon e no reto. A paciente retirou o medicamento em menos de 15 minutos, cenário bem diferente da espera de quatro horas que munícipes precisam enfrentar para buscar os remédios.

O governo do Estado informou por nota que a Mesalazina 500 mg “está com a entrega em atraso por parte do fornecedor” . “As empresas responsáveis estão sendo cobradas para regularizar o fornecimento”. RR




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