Nos últimos 25 anos, a rotina de Rogério Ceni foi similar: acordar cedo e seguir para o CT da Barra Funda para treinar ou deixar a concentração rumo ao Estádio do Morumbi para jogar, sempre vestindo o manto do São Paulo e defender como poucos o gol tricolor – salvo as oportunidades em que colocou a camisa da Seleção Brasileira. Hoje, às 21h, o ídolo são-paulino e mundial ficará pela última vez sob as balizas do Cícero Pompeu de Toledo, no jogo entre os bicampeões mundiais de 1992 e 1993 e os que levantaram o tricampeonato em 2005, que marcará a despedida oficial do camisa 1.

Depois de 1.237 jogos pelo São Paulo – maior da história – e 17 pelo Brasil, nada mais justo do que uma grande festa para o maior goleiro-artilheiro de todos os tempos, que balançou as redes em 131 oportunidades – 61 em cobranças de falta, 69 em penalidades e até mesmo um com a bola rolando, em lance ensaiado com o meia Souza, contra o Cruzeiro, em 2008.

E as marcas, títulos e recordes são simplesmente incontáveis, sejam eles pelo Sinop, de Mato Grosso, onde iniciou a carreira, no Tricolor (entre 1990 e 2015) ou pela Seleção: campeão mundial de seleções, campeão mundial de clubes, bicampeão da Copa Libertadores, tricampeão brasileiro, tricampeão paulista, campeão da Copa Sul-Americana, maior número de vitórias por um clube no mundo, mais vezes capitão de um mesmo time, atleta com mais atuações no Brasileirão, o brasileiro com maior número de partidas em Libertadores, entre diversas outras conquistas.

São esperadas cerca de 60 mil pessoas no Morumbi para a grande festa em prol de Ceni. É fato que o nome da noite será o goleiro, mas é oportunidade para são-paulinos de diversas gerações assistirem à reunião de diversos ídolos, casos de Zetti, Cafu, Juninho Paulista, Müller e Toninho Cerezo pelo lado dos campeões da década de 1990, além de Lugano, Mineiro, Amoroso e Aloísio do outro, dos vencedores de 2005.

ALMOÇO ESPECIAL

Ontem, Rogério Ceni ofereceu uma festa aos funcionários do CT da Barra Funda como forma de gratidão pelos anos em que foi servido no local. “Lembro que no início, quando fui promovido ao profissional, pegava carona todos os dias com o João (garçom), às 5h30. Começamos praticamente juntos, mas ele seguirá trabalhando aqui. E fico feliz em ver que assim como ele, outros profissionais também se dedicam todos os dias para fazer do São Paulo o clube grande que é”, disse.

O goleiro reuniu os funcionários na sala de imprensa e agradeceu a eles pelos 25 anos de convívio. “É muito bacana ver que vocês fazem parte disso tudo. Sem vocês, que trabalham todos os dias nos bastidores, nada aconteceria no campo de jogo. E isso vale para cozinha, lavanderia, seguranças, funcionários que cuidam do campo e comissão técnica”, disse. “Quero que todos saibam que sempre tentei representá-los com respeito e dedicação. Sempre tratei todos olhando olhos nos olhos, e agradeço a chance de ter convivido com cada um. Podem ter certeza de que sempre lembrarei de todos”, concluiu.