Turismo Titulo Mazzaropi
Jeca tatu eternizado
Christiane Ferreira
Do Diário do Grande ABC
22/04/2010 | 07:03
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"O segredo do meu sucesso é falar a língua do meu povo." A frase é de Mazzaropi. Poucos artistas traduziram de maneira tão peculiar a cultura popular brasileira como ele, Amácio Mazzaropi, que ficou eternizado pelo seu personagem Jeca Tatu, escrito por Monteiro Lobato.

A história do ator, de origem humilde, que começou no circo, foi para o rádio, passou pela TV, e chegou ao cinema, onde estreou como ator até se tornar seu próprio produtor, diretor e distribuidor, consagrando-se como um dos maiores sucessos de bilheteria, está preservada na cidade de Taubaté, mais precisamente no museu que leva seu nome.

Criado em 1992 por João Roman Júnior como uma forma de homenagear o velho amigo e cineasta brasileiro, o museu ganhou neste mês novas instalações, inauguradas no dia 8. A amizade de longa data de Roman e Mazzaropi tinha como ponto de encontro as serestas noite adentro em São Luiz do Paraitinga, às quais não faltavam o compositor Elpídio dos Santos, criador das músicas para os filmes de Mazzaropi, e o maestro Fêgo Camargo (pai da apresentadora de TV Hebe Camargo).

Os filhos de Roman Júnior deram continuidade ao trabalho do pai, acreditando na importância da preservação da memória deste personagem do cinema brasileiro. Os visitantes podem conhecer um acervo de 6.000 peças, entre fotos, filmes, documentos, objetos cênicos, móveis e equipamentos que contam boa parte da carreira do artista.

ESTÚDIO-HOTEL
O projeto arquitetônico do novo museu abriga uma área de 1.200 metros quadrados e está localizado nas dependências do Hotel Fazenda Mazzaropi, local onde na década de 1970 Mazzaropi construiu seu maior estúdio de cinema, amplo o suficiente para montar vários cenários e, com isso, filmar em menos tempo.

Para acomodar os artistas e técnicos, criou um hotel ao redor do estúdio e recebia hóspedes durante todo o ano. Jardins, lago, piscinas foram pensados como atração do hotel e cenários para os filmes. Uma típica morada de roça foi preservada e virou a casa do Jeca.

Além de abrigar o passado do eterno Jeca Tatu, o hotel oferece várias atividades de lazer aos hóspedes, tanto adultos quanto crianças. Lago com pedalinhos, cavalos, quadra de tênis, piscinas, campo de futebol, pista para caminhada, circo, salão de jogos estão entre as atrações disponíveis.

SERVIÇO
Museu Mazzaropi - Aberto de terça a domingo, das 8h30 às 12h30. Informações: (0xx12) 3634-3447. Site: www.museumazzaropi.com.br
Hotel Fazenda Mazzaropi - Até o fim de junho a diária para casal com pensão completa custa a partir de R$ 413, de domingo a quinta-feira, e R$ 443 (o casal) de sexta a domingo. Informações: 0800-0117877.


Sucesso e carisma de sobra

Mesmo com ar simplório e quase caipira, Mazzaropi sempre foi um homem à frente do seu tempo e verdadeiro empresário de sucesso. Não à toa, já que além de dirigir e produzir, protagonizou 32 filmes - praticamente um por ano - entre as décadas de 1950 e 1980.

Sua história brasileiríssima de sucesso é mostrada no livro Sai da Frente! A Vida e a Obra de Mazzaropi (Desiderata, R$ 44,90, 320 páginas), biografia escrita pela jornalista carioca Marcela Matos e lançada também neste mês.

Nascido em 1912, em São Paulo, Mazza - era chamado assim pelos amigos - desde pequeno demonstrava interesse pela arte. Com ascendência italiana e portuguesa, iniciou a carreira no picadeiro. Já nos anos 1940 estreou na rádio Tupi com o programa Rancho Alegre, que se tornou sucesso.

O caminho para as telonas foi um pulo: contratado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz estrelou a Comédia Sai da Frente. Ousado, passou a produzir seus próprios filmes. Levou à sétima arte seu personagem mais conhecido: o Jeca Tatu. Mazza também chegou a apresentar atores de renome como Tarcísio Meira e Luiz Gustavo.

O ingênuo e ao mesmo tempo sagaz homem do campo foi um verdadeiro sucesso de bilheteria e apareceu numa série de filmes como Jeca e a Freira (1967), O Jeca Macumbeiro (1974), Jeca Contra o Capeta (1975), Jecão... Um Fofoqueiro no Céu (1977), Jeca e seu Filho Preto (1978), entre outros.

Conhecido por suas célebres frases, soou profético com a seguinte: "Só quero ver quando eu morrer. Daí vão fazer festivais com meus filmes e tem gente que é capaz de dizer até que eu fui um gênio". E não é que quase 30 anos depois de sua morte, que ocorreu em 1981, o ‘Jeca' estava mais do que certo? Até hoje é aclamado como o grande criador do cinema popular brasileiro.




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