Tom Cavalcante, um dos poucos do seu gênero de humor que ainda triunfam na telinha brasileira, vem a São Caetano para apresentação no sábado, no Teatro Paulo Machado de Carvalho, em espetáculo inicialmente previsto em conjunto com Chico Anysio - que deixou a turnê de lado após problemas de saúde.

O Show do Tom traz à cena a mesma faceta do humorista que há quase duas décadas cativa diferentes públicos. "O espetáculo vem como revista de assuntos diversos,pronta para agradar a qualquer público", diz Cavalcante.

Clássicos que compuseram sua carreira, entre eles João Canabrava, o velho Venâncio e a empregada Jarilene serão apresentados. O segredo de deixá-los na ativa depois de tanto tempo, segundo Tom, é mantê-los a par do que acontece no mundo. "Um bom personagem, que traga conteúdo em sua performance, é como uma boa música, nunca pode faltar no repertório. Para não perdê-los, acrescento atualidades no que dizem, contextualizando o factual às suas essências".

Por fora, ainda brinda a plateia com os famosos números musicais de Caetano Veloso, Fábio Jr., Fagner e Maria Bethânia. Para completar, se traveste de políticos e personalidades para satirizar comportamentos típicos do Brasil.

NOVOS TEMPOS - Contemporâneo do tempo em que uma nova onda de humor invade a televisão - o jornalístico, o stand-up, de cara limpa - o humorista acredita que o País anda com oferta generosa de visões sobre determinados assuntos, com centenas de figuras e assuntos para abordar de maneira diferente. Para ele, a primazia do que faz está em unir a graça à arte.

"Estamos evoluindo. Ainda somos de um primarismo incrível. O humor cada dia mais alcança papel importante. A minha linha de raciocínio dentro do que faço segue em busca de fugir do preconceito e escatologia e mostrar comédia e dramaturgia juntos."

Em ano eleitoral, em pleno debate sobre a luta dos humoristas contra a imposição do ato que censura a sátira política durante a campanha, o olhar que o humorista lança sobre o caso é mais preocupado do que revoltado: "Observo esse movimento como quem conhece os artifícios usados para todo esse circo de interesses muitas vezes escusos."

Sobre o padrinho Chico Anysio, que está há anos na geladeira da Globo, Tom vê problema de visão da emissora e não talento findado ou costume novo do telespectador. "Com a saída do Boni, do Daniel Filho e do Chico das primeiras colunas que sustentavam esse humor arte na Globo, houve uma quebra. O que ele sempre fez, hoje é praticado com riqueza nos Estados Unidos e Europa. A boa audiência da reprise de Sai de Baixo (no canal pago Viva) prova que esse gênero ainda tem muito fôlego", conclui.

Show do Tom - Espetáculo de Humor. No Teatro Paulo Machado de Carvalho - Alameda Conde de Porto Alegre, 840, São Caetano. Tel.: 4220-3924. Sáb. (25), às 21h. Ingr.: R$ 80 a R$ 100.