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Crianças carentes do DF estao anêmicas, diz pesquisa
Do Diário do Grande ABC
01/04/2000 | 12:56
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A maioria das crianças carentes do Distrito Federal está infectada por parasita ou sofre de anemia. A constataçao é de uma pesquisa com amostras de sangue e exames parasitológicos realizada em crianças das cidades-satélites de Samambaia, Taguatinga e Vila Varjao por um grupo de voluntários do Laboratório Sabin. A pesquisa deverá feita em mais oito creches de localidades carentes.

Em Samambaia, das 78 crianças pesquisadas, 69,4% apresentaram parasitas e 22% anemia. Já em Taguatinga, dos 59 atendimentos realizados, 69% das crianças tinham pelo menos um tipo de parasita.

Deste total, 14% estavam contaminados com dois tipos combinados e outros 8,8% com até três tipos de parasitas.

As crianças também sofrem de desnutriçao grave. Em dois diagnósticos feitos, 36% dos meninos apresentaram peso inferior ao normal para a idade e 32% tem altura inferior a média. As meninas, entretanto, estao em melhor situaçao: 14% apenas, está com peso inferior.

Segundo a bioquímica Janete Vaz, idealizadora do projeto assistencial, os números apresentados refletem a deficiência na qualidade dos programas de saúde dos governos. "A pesquisa mostra, de forma clara, que as autoridades do setor devem investir mais em serviços de saúde pública e educaçao em saúde". Apesar da gratuidade do exames, a equipe nao tem conseguido atender 100% das crianças das creches selecionadas.

A causa seria a falta de consciência dos pais sobre a importância do programa. Nas cidades visitadas os pesquisadores observaram que as doenças estao relacionadas diretamente à falta de conhecimentos básicos de higiene. A bioquímica explica que, de posse dos resultados, a equipe traça um plano para reverter o quadro de desnutriçao e infecçoes com os pediatras das crianças.

Orientaçao - A maioria das famílias atendidas é oriunda de estados das regioes Norte e Nordeste e têm, geralmente, baixo nível de escolaridade. Além dos exames, o laboratório ainda orienta as famílias sobre doenças como hepatite, aids, cistite, câncer e outras moléstias graves.

"Se cada médico dedicar um dia por mês a esse tipo de trabalho, as condiçoes de saúde da populaçao seriam bem diferentes", avalia Janete. A opiniao da bioquímica é reforçada pelas pessoas atendidas. "Se tivessem médicos mais humanos e caridosos, o pobre nao sofreria tanto", afirma Jascilene da Silva Bulhoes, 36 anos, que levou sexta-feira seus três filhos à Creche Escola tia Angelina, na Vila Varjao, para serem atendidos.

Ivanildo da Silva, 36 anos, era outro que aguardava na fila a vez de ser atendido com suas filhas Natália (2) e Carolina (6). "A iniciativa é ótima", aprova. Grávida de seis meses, Núbia Teixeira, 28 anos, destacou a importância do trabalho e criticou o atendimento prestado no posto de saúde da vila. "A gente faz exames lá e só recebe (os resultados) depois de dois meses", denuncia.

O diretor do Posto de Saúde da Vila Varjao, ginecologista Antônio Paes Landim, nega que o atendimento seja tao precário. "Os exames demoram, no máximo, 15 dias para serem entregues". Landim explica que esse atraso se dá devido as amostras serem coletadas no Centro de Saúde N º 10, do Lago Norte, e enviadas para análise no laboratório do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Segundo Landim, o posto da localidade, além de atender os 6 mil moradores da regiao, ainda presta assistência a pacientes provenientes de outros estados, que correspondem a 55% das consultas. "Desse total, 56% sao doentes vindos da Bahia". Outros 29%, segundo o médico, sao de Minas Gerais e 9% de outros estados como Goiás, Piauí e entorno do DF.




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