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Dilemas nas salas de aula
Kelly Zucatelli
Do Diário do Grande ABC
23/04/2011 | 07:15
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Os tempos mudaram e a história do Brasil também. Com isso, os professores tiveram que modificar suas técnicas de ensinar os alunos sobre os acontecimentos do nosso País.

Para a maioria deles, os livros didáticos passaram a ser suportes junto com outros materiais, como a internet e os documentos registrados através de vídeo, jornais e revistas.

Mas nenhum deles descarta a importância e a preciosidade que se deve manter com a produção de livros, que sempre serão os registros mais sólidos dos acontecimentos que ocorreram nacionalmente.

O método de memorização da história brasileira é fato que a professora titular do Departamento de História da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Yvone Dias Avelino, pontua de maneira negativa na formação dos alunos de antigamente e que hoje está tomando formato diferente com a interpretação dos conteúdos. "A história precisa ser interpretada reflexivamente. Durante muitos anos colocaram que a descoberta do Brasil foi algo que aconteceu como uma casualidade e não foi", salienta Ivone.

E já que os livros didáticos viraram suportes de aula, a titular frisa que uma boa maneira dos professores ensinarem e os alunos se interessarem ainda mais seria compondo textos que ajudassem a complementar os conteúdos. Na sua opinião, as editoras se preocupam mais com a visão mercadológica dos títulos que publicam do que com a qualidade dos registros que ali estão. "A linguagem está paupérrima, alguns até com erros de português. Não se pode pensar que o ano letivo terminou nas escolas e os livros terminam junto."

A doutora e professora de Metodologia do Ensino de História da Uniban (Universidade Bandeirantes) Lilian Marta Grisolio também ressalta a importância dos livros no processo didático, mas no caso dos de história, ela acredita que alguns apresentam problemas ideológicos nas transições dos fatos. "Nesses casos, deve-se levar em consideração a função do livro dentro de um contexto e também como os conteúdos estão sendo colocados conforme as transformações dos fatos. Um exemplo nítido é que consideram nos textos apenas a chegada dos portugueses em nossas terras e desprezam a população nativa que já existia", explica Lilian.

 

Dividindo a mesma opinião de Yvone Dias Avelino, a estudiosa não acredita que o processo mecânico de ensino, na base da ‘decoreba', será aceito pelos estudantes por muito tempo. "Eles (os alunos) questionam mais e por isso temos que induzí-los à reflexão e não apenas falar como se deram os fatos", diz Lilian.

Com as ferramentas para levar informação de maneira rápida, a internet ainda não tem a proeza que os livros têm, facilitando a disposição das sequencias lógicas dos assuntos. "O bom livro é aquele do qual o professor sabe fazer bom uso. Hoje, devemos ter uma linguagem moderna para contar sobre o descobrimento do Brasil e aí, passamos a contar com a influência de profissionais de outras áreas, como o jornalismo, escrevendo de maneira romanceada os conteúdos. Mas temos que tomar cuidado, pois alguns autores, com a intenção de tornar a linguagem acessível, acabam tornando o conteúdo simplista", conclui Lilian.

Ainda no campo acadêmico, o professor titular da disciplinar do Colégio Singular, João Bonturi, analisa que os livros de história do Brasil para o Ensino Fundamental trazem o conteúdo factual dos fatos. Já os do Ensino Médio deixam a desejar porque não fazem um trabalho conjugado com a interpretação de textos, o que se tem exigido nos vestibulares e que os universitários já estão desenvolvendo no dia a dia.




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