Carlos Gerbase é um personagem curioso no showbiz brasileiro. Foi líder da banda punk Os Replicantes até começar a fazer cinema – computado aí o policial Tolerância (2000) – e associar-se à Casa de Cinema de Porto Alegre, produtora gaúcha pela qual lança agora Sal de Prata, exibido no último Festival de Gramado. E parece indispensável esse brevíssimo resumo da trajetória artística do diretor, uma vez que seu novo drama relata uma série de vidas decodificadas pelo universo da produção cinematográfica.

Cátia (Maria Fernanda Cândido) namora um cineasta de ocasião, que faz filmes quando o orçamento e a agenda permitem. Com a morte do amante, a moça, que segue carreira de economista, percebe que não conheceu absolutamente o homem com quem viveu durante boa parte da vida. Descobre que a via mais fácil para inteirar-se sobre o sujeito é aprofundar-se em seu círculo de amigos na produção de filmes.

Enreda-se então com um cineasta amigo de seu namorado (Bruno Garcia), com a atriz que estrelou boa parte dos filmes dele (Camila Pitanga), com produtores e outros colegas. Destino: encantamento pelo cinema.

Sal de Prata – uma alusão ao nitrato de prata, substância química fundamental ao processo fotográfico, à fixação da imagem – pretende-se uma declaração de amor ao cinema enquanto atividade e, conseqüentemente, enquanto arte. O cinema transforma-se na biblioteca da pesquisa de uma mulher para entender uma vida que lhe parecia parcialmente compreensível. Gerbase aponta: cinema é vida.