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Economia
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Por concentrar indústrias
Previsão de queda do PIB afeta mais a região

Pela 16ª vez, projeção de crescimento da economia é reduzida neste ano, de 2,6% para 0,93%

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
18/06/2019 | 08:40
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Pixabay / banco de imagens


Pela 16ª vez consecutiva neste ano, a estimativa do PIB (Produto Interno Bruto) do País para este ano registrou queda, chegando, pela primeira vez, ao patamar abaixo de 1%. De acordo com o Boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central, a previsão é que a economia cresça 0,93% em 2019. A redução na perspectiva nacional acaba tendo grande peso na região por conta da retração na indústria, e se reflete no emprego e renda.

De acordo com o coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, o cenário não é nada favorável a qualquer estimativa otimista de crescimento e pode ser agravado nas sete cidades. “A previsão do PIB para 2019, que caiu para 0,93%, é uma notícia bastante preocupante para o Grande ABC, pois, no primeiro trimestre de 2019, o PIB do Brasil só cresceu devido ao setor de serviços (1,2%), comércio (0,5%), informação e comunicação (3,8%) e exportações (1%). Mas a indústria brasileira, que tem papel central na economia da região, decresceu seu PIB setorial: -1,7%, no caso da indústria de transformação. Isso significa que um PIB anual ainda mais estreito deverá ter uma indústria com taxas iguais ou menores a -1,7%”, analisou.

O especialista explicou que, quanto maior o consumo, o investimento privado, o gasto público e as exportações, maior tende a ser o PIB. Em contrapartida, o aumento dos impostos e das importações tende a reduzir a expansão. “A crise e o desemprego associados ao alto endividamento das famílias, ao fim da política de crescimento do salário mínimo e à queda de renda da classe média fazem crer que o consumo não deverá crescer nos próximos meses. Em termos de gastos públicos, as perspectivas também não são favoráveis. O investimento privado depende de expectativas favoráveis quanto ao futuro, e da redução das taxas de juros.”

A crise na Argentina, a guerra comercial entre os Estados Unidos e China e o fechamento de acordo entre o Mercosul e a União Europeia, como sinaliza o governo de Jair Bolsonaro (PSL), também agravam a situação no ambiente externo. Todo este cenário contribui à perspectiva de queda no PIB neste ano, que iniciou 2019 com expectativa de crescimento em 2,6% pelo mercado.

Coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero afirmou que a região passa por situação de estagnação e é impactada diretamente com a perspectiva de redução do índice nacional.

“O primeiro a ser atingido sempre será o emprego. O Grande ABC tem uma grande quantidade de vagas formais por causa da indústria. A renda também é impactada. Atualmente nós temos no País o mesmo volume de renda de 2010, ou seja, praticamente retrocedemos dez anos. Consequentemente, sem emprego e com a renda baixa, tem impacto no consumo. Acaba afetando toda a cadeia porque, então, as empresas não investem, e vira um ciclo vicioso”, analisou Balistiero, ao afirmar também que o “País precisaria crescer mais de 3% por vários anos consecutivos para termos melhora na renda”.

De acordo com o especialista, a situação para este ano deve realmente ficar dentro da estimativa do mercado. “Não temos mais o que fazer, até o segundo semestre está muito comprometido. A expectativa é a aprovação da reforma da Previdência e o encaminhamento da tributária, porém, se isso não acontecer, teremos uma recessão de volta. Com as reformas ainda temos chances”, destacou.

OUTROS INDICADORES - O relatório Focus também reduz a expectativa de inflação de 3,89% para 3,84%. Já a Selic (taxa básica de juros do País), que será divulgada oficialmente amanhã, deve seguir em 6,5% ao ano e começar a cair em setembro, quando pode chegar a 6,25% e atingir 5,75% em dezembro. O dólar, por sua vez, deve permanecer na casa dos R$ 3,80.
 




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