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Anfavea aponta problemas com aumento do biodiesel na mistura do diesel
15/02/2019 | 17:06
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Atualizada às 16h09 de 18 de fevereiro

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) distribuiu nota à imprensa nesta sexta-feira, 15, na qual reafirma que entregou relatório ao governo sobre testes referentes ao aumento do biodiesel na mistura do diesel e lista os resultados obtidos que levaram à não recomendação. Segundo a associação, os testes feitos pelos fabricantes indicaram aumento da emissão de NOx; não atendimento à demanda legal para garantia de durabilidade de emissões, previsto pelo Proconve; aumento da periodicidade da troca de óleo e filtros; entupimento de filtro e injetores; aumento do consumo de combustível; desgaste dos componentes metálicos do motor; e combustível com baixa estabilidade à oxidação (forma resíduos).

"A conclusão dos testes mostrou que, caso o governo decida aumentar o teor de biodiesel no óleo diesel comercial para 15%, os veículos poderão apresentar danos ambientais, aumento de custo operacional para o transportador e impactos para a segurança do veículo. Principalmente para a frota em circulação que não está adaptada para o novo teor de biodiesel", diz a nota.

Em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o diretor técnico da Anfavea, Henry Joseph Jr, disse que associação ficou surpresa com a postura do governo e dos produtores de biodiesel, que disseram que a entidade não entregou o relatório em reunião realizada na quinta-feira, um dia antes do prazo definido para a entrega.

"Nós apresentamos o relatório ontem (quinta) e não recomendamos o aumento da mistura do biodiesel de 10% para 15%, e o governo e os produtores reagiram pressionando o nosso posicionamento", disse o diretor. "Foi uma manifesta irritação com a nossa conclusão", acrescentou.

O diretor disse, ainda, que o prazo dado para a realização de testes foi curto e que, por isso, cada montadora se comprometeu a fazer um tipo de teste. Portanto, se uma montadora apresenta algum resultado insatisfatório, não quer dizer que o problema está com a empresa.

RESPOSTA OFICIAL
Em nota, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e a Aprobio (Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil) reforçam que o sucesso operacional do aumento da proporção de biodiesel no diesel comercial de 8% para 10%, em vigor desde março de 2018, mostra que o Brasil está no caminho certo para garantir o fornecimento de combustível necessário para atender à demanda nacional, já que o País não tem produção suficiente ou capacidade de importação.

Não só o biodiesel vem garantindo segurança de fornecimento, como também menores custos aos consumidores de ciclo diesel, com redução de preços no longo prazo. A decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que prevê o aumento de 10% para 15% do volume de biodiesel em etapas, está alinhada com a estratégia de diversos países do mundo, que utilizam misturas superiores ao aplicado hoje no Brasil.

Trata-se de países que estão trabalhando estrategicamente para ampliar o uso de um biocombustível que emite 70% menos gases de efeito estufa que o diesel de origem fóssil, reduzindo a emissão de material particulado, monóxido de carbono e hidrocarbonetos. No Brasil, a produção de biodiesel também é um importante pilar do agronegócio, agregando valor às cadeias produtivas das oleaginosas e de proteína animal. O aumento da adição de biodiesel, é importante lembrar, será gradativo. Em junho deste ano será autorizado a elevação dos atuais 10% para 11% e, somente em 2023, atingirá 15%.

Esse cronograma foi definido em um amplo processo de diálogo entre os diversos setores e agentes econômicos envolvidos, sob coordenação do Ministério de Minas e Energia e do CNPE. É um trabalho conduzido com ética, seriedade, transparência, amparo técnico e compromisso de construção de soluções em benefício do Brasil, dentro dos prazos estipulados pela legislação.

Nesse sentido, até a adoção efetiva do B15 (mistura de 15%) há tempo suficiente e fóruns adequados para discussão e implementação de eventuais ajustes que venham a ser necessários, sempre pautados pela garantia de segurança ao usuário. Esse processo conta com a total colaboração dos produtores de biodiesel, os quais forneceram volumes de biodiesel de acordo com as demandas das fabricantes de veículos e autopeças para realização dos testes que foram por eles propostos, no âmbito do grupo de trabalho que conta com participação de todos os agentes e setores produtivos envolvidos.

Esclarecemos que os estudos realizados até o momento com B15 mostram que a maioria das fabricantes não registrou qualquer problema real no funcionamento dos veículos. Foram observadas questões pontuais em alguns testes, restritos a poucas empresas.

A ABIOVE e a APROBIO continuarão defendendo o aperfeiçoamento contínuo das especificações que confiram à mistura robustez, alta qualidade e adequação às demandas da sociedade brasileira. Nesse sentido, se a inclusão imediata do valor de 20 horas para a estabilidade à oxidação do diesel comercial (parâmetro hoje não constante da especificação), já mesmo antes da introdução de teores maiores, for identificado como solução, apoiarão, como nunca se opuseram a discutir quaisquer outros aspectos relevantes para as empresas do setor automobilístico e para a sociedade.




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