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Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

O (permanente) risco das barragens
Do Diário do Grande ABC
29/01/2019 | 15:05
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Artigo

Pela segunda vez em três anos oferecemos ao mundo o típico exemplo de imprevidência. No mesmo Estado, Minas Gerais, e pelo mesmo grupo empresarial. O lamaçal de Brumadinho tem as mesmas características do de Mariana, mas com maior perda humana. Em Mariana os 60 milhões de metros cúbicos vazados mataram 19 pessoas. Em Brumadinho, 12,7 milhões de metros atingiram diretamente mais de 500 pessoas (65 mortos, 279 desaparecidos e 192 resgatados com vida).

É indispensável que se apure o histórico – planta original, licenciamento, alterações de projeto, fiscalização de implantação e operação da barragem sinistrada –, as intercorrências operacionais, a possibilidade de reações químicas do material depositado que possam ter alterado peso ou volume da massa, a ocorrência de movimentação sísmico comprometedora da base ou da estrutura e até possíveis atos de sabotagens que possam ter levado ao rompimento e queda do dique.

Não devemos perder de vista, no entanto, que auditorias nacional e internacional verificaram recentemente a barragem sinistrada e garantiram sua regularidade.

Mas isso não basta. É preciso que o ensinamento da tragédia sirva para a tomada de providências que evitem sua repetição em outros empreendimentos do gênero. O Relatório de Segurança de Barragens de 2017, publicado no ano passado, revela a existência de 790 barragens de rejeitos espalhadas pelo território nacional e que apenas 211 delas (o equivalente a 27%) foram vistoriadas naquele ano.

Esse é apenas um detalhe da precariedade do setor, que deve ser acrescentado por outras observações, como o nível de confiabilidade que levou a própria operadora a manter suas instalações na parte baixa da barragem. Há que se questionar, ainda, o plano de emergência para possíveis acidentes que comprometam comunidades rurais e urbanas localizadas na bacia hidrográfica que se torna escoadouro do material vazado.

Já que a tragédia de Mariana pouco ou nada serviu para melhorar a segurança do setor, espera-se que os novos governos – que agiram com mais celeridade que os de 2015 – tenham ações mais proativas e evitem novos eventos dessa natureza e magnitude. Além das 790 barragens de rejeito, existem no País 22.920 barragens de água e só 12.590 delas possuem outorga, concessão ou autorização de funcionamento. Isso indica que 45% delas operam irregularmente, com riscos incalculáveis.

É preciso mapear tudo isso, antes de termos de lamentar novas tragédias que, no caso, são previsíveis e, até, anunciadas.

Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente e dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

Palavra do leitor

Brumadinho – 1
A Justiça foi muito rápida ao bloquear R$ 11 bilhões da Vale, mas está muito lenta para decretar a prisão preventiva de Fabio Schvartsman, presidente da empresa. Espero que o governo federal faça imediata intervenção e expropriação da companhia.
Moyses Cheid Junior
São Bernardo

Brumadinho – 2

No Twitter, a frase de um cidadão de Brumadinho: ‘Somos presos por pescar uma piaba, mas o empresário não é preso por acabar com todo o rio’. Com a palavra a Justiça!
Tânia Tavares
Capital

Brumadinho – 3
Em 2015 Mariana foi palco de mais um desastre ambiental em nosso País. Vidas ceifadas, meio ambiente danificado e indenizações minguadas, que caminham a passos lentos. Agora, desastre maior em perdas de vidas e pelo visto nada mudará. Logo após o desastre de Mariana, Dilma editou MP (Medida Provisória) que caracterizava como desastre ambiental e não crime ambiental, favorecendo empresas de possíveis multas. A Samarco foi multada em R$ 20 bilhões em Mariana, mas o governo perdoou. Sabe-se que empresa alemã fiscaliza a peso de ouro e fornece laudos, tanto em Mariana quanto em Brumadinho. É sério? Os laudos são verdadeiros? De outro lado vemos entrevistas mentirosas e recheadas de desculpas do presidente da Vale, que tem salário de R$ 1,5 milhão por mês. Parece que a responsabilidade dele nas desgraças é infinitamente menos ao astronômico salário. Cadê os responsáveis presos? Obriguem-os a residirem logo abaixo das barragens. Aí, quem sabe, vão, enfim, fiscalizar com responsabilidade! E a situação das outras barragens? Possuem laudos alemães?
Júlio José de Melo
Sete Lagoas (MG)

Ultrassecretas
A boneca Emília está exasperadíssima, porque soube que o governo ‘sapiente’, ‘impoluto’, ‘tolerante’ e ‘inclusivo’ teve a ‘deferência’ mor de abolir a Lei de Acesso à Informação (Política, dia 25). O conhecimento acima de tudo. Saudações resistentes laicas.
João Paulo de Oliveira
Diadema

Solidariedade
Venho por meio desta Palavra do Leitor pedir à nossa primeira-dama de Santo André e representante do Fundo Social de Solidariedade a vossa interferência quanto aos alimentos produzidos e adquiridos pelo município destinados aos funcionários e pacientes de toda rede de saúde, pois os que sobram lamentavelmente são jogados no lixo, deixando, com isso, de atender muitos que hoje se encontram no mais completo abandono. Vejo que a criação de departamento exclusivo para o destino desses alimentos – devidamente avaliados antecipadamente por profissional qualificado – em muito poderá ajudar aqueles que muito necessitam, bem como elevará o conceito da administração municipal, sob o comando de nosso prefeito Paulo Serra, que muito tem se esforçado para amanhã melhor a Santo André.
Edson Campelo
Santo André

Máscara
Algo me diz que a ‘facada’ no presidente fascista e despreparado é fake. Acho que a qualquer momento essa máscara vai cair. Daí todos os envolvidos na encenação deverão ser exemplarmente punidos. Também vou querer ver os que votaram nele e o defendem escreverem a esta Palavra do Leitor pedindo desculpas à Nação por essa tremenda falta de noção de colocar no cargo máximo do País alguém como esse cidadão.
Ulisses Noronha
São Caetano

Respeito ao eleitor!
O Senado e a Câmara dos Deputados mais assemelham-se a um covil de parasitas de mentores de práticas ilegais para a gestão dos recursos públicos. A cada dia veem-se novas representações e discursos medíocres de hipócritas de insanos. Desavergonhados políticos, destroem a maior oportunidade de fazer deste País potência, terra justa e próspera. No lugar do respeito, ordem e progresso, só temos sujeira, leviandade e vergonha. Agora temos que assistir à operação – que vou chamar de ‘esforço para manutenção dos investigados no comando das duas casas –, para reconduzir os mais que investigados Renan e Maia à presidência. Vergonha! Aos novos do Congresso, coragem, compromisso com a população e, principalmente, respeito ao eleitor.
Luizinho Fernandes
São Bernardo 




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