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Tapete do fomento

Sarau em Mauá é realizado toda segunda-feira e serve como troca de experiências

Vinícius Castelli
21/01/2019 | 07:09
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Celso Luiz/DGABC


É na Praça Manuel Lopes, no Jardim Zaíra 2, em Mauá, que um grupo de pessoas chega toda segunda-feira para garantir que tudo esteja limpo até às 20h, quando um tapete é estendido. Trata-se de um manto que tem grande significado: ser ‘esteio’ para dar voz a quem precisa. A ideia surgiu há dois anos, a partir da necessidade de contar com espaço para que artistas pudessem expressar suas ideias.

Batizado Sarau do Tapete, o evento é organizado de forma independente por Rodrigo Ferreira Nunes da Silva, Pedro Vinícius, Kathleen Jhanner Nunes Barbosa, Edgar de Olim Perestrelo e Clayton Araújo Leite. “Sempre tivemos muita movimentação artística de todos os ramos, desde literatura, música, circo. Aprendemos muito todas as segundas. A maioria dos frequentadores mora próximo ao bairro. Isso já mostra a recepção da população”, diz Kathleen.

Da Silva reforça que a carência por arte na região sempre foi evidente, “principalmente nos bairros pobres. No Zaíra não seria diferente”, diz. Ele acredita que, para alimentar essa carência, cada um deve fazer sua parte.<EM>

O sarau acontece de forma bem natural e todos são convidados. Uma vez lá, quem tiver vontade de se dirigir ao tapete não precisa se acanhar. “Não existe fila ou ordem para se apresentar”, frisa Da Silva. O evento recebe cerca de 50 pessoas por edição. “O sarau é realmente uma sala levando a educação não formal a todos. Um local onde aprendemos e ensinamos”, diz o organizador, que também atua como malabarista.

Ele explica que, além do fomento à arte e de levar opções artísticas para a população, tudo de graça, uma das preocupações do Sarau do Tapete é que os frequentadores aprendam a respeitar as diferenças entre as pessoas. “É um dos principais intuitos, já que vivemos em uma sociedade intolerante”, explica. Ele acredita que é possível criar sensibilidade, por meio do diálogo, e aprender alguma coisa com cada pessoa que passa por nossas vidas. 

Para Kathleen, que é artista plástica, subir no tapete e poder expressar sentimentos é ato revolucionário. Ela lembra que o evento oferece ainda a Biblioteca Livre, que já conta com mais de 300 livros, e o Varau de Exposições, para fotografias, poesias e pinturas. Há também sorteio de peças de arte feitas pelos frequentadores.

Bianca Monteiro Gabriel, 22, de Mauá, vai sempre que pode ao encontro. “Gosto de ver a galera se reunir na resistência, às vezes até embaixo de chuva, pela arte”, afirma. Ela ressalta admirar a liberdade de expressão e o fato de não haver julgamento entre os que lá estão.

Laura Cursino dos Santos, 19, também da cidade, é outra que ajuda a fortalecer o projeto. Além das amizades que fez a partir das reuniões, comemora o fato de ter vencido a timidez. “Antes morria de medo de ler ou falar em público, e no tapete não sinto essa pressão. Para mim, é um momento de muita liberdade mesmo”, explica.

EM OUTROS ESPAÇOS

O tapete do sarau, a cada dois meses, sai da Praça Manuel Lopes e ilustra outros espaços. “Realizamos o Tapete Voador, que é quando o tapete ‘voa’ para locais diferentes com a ideia de passar nossa mensagem e absorver o que nos é passado”, diz Da Silva. Ele conta que no último ano eles foram em vários espaços, como no Atelier Maloca Querida, Centro de Referência de Assistência Social Oratório, Biblioteca Paulo Freire e o Centro Cultural Dona Leonor.

Kathleen explica que outra intenção do projeto é servir de exemplo para que as pessoas se articulem, assim como eles já foram motivados por outros saraus. “Façam no bairro de vocês, procurem saber sobre os movimentos de rua da sua cidade e de qual forma ajudar. Somos nós por nós”, encerra. 




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