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Comportamento
Jovens e a relação com a internet

Pesquisa nacional analisa hábitos e ideias dos usuários

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
09/12/2018 | 07:18
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Bruno Fortuna/Fotos Públicas


O smartphone conectado ao mundo é extensão das nossas mãos. Não há como lutar contra o avanço e a presença cada vez maior da tecnologia em nossas vidas. A realidade não é diferente, principalmente entre o público que ‘consome’ essa ferramenta. Brasileiros com idade entre 9 e 17 anos costumam utilizar a internet em seu dia, o que corresponde a 24,7 milhões de usuários no País. Os dados, coletados em 2017, fazem parte da pesquisa TIC Kids Online Brasil, publicada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil. Do total de entrevistados, 93% utilizam o celular para navegar pela web e não mais o computador, o que significa dizer que 11 milhões desse público usam a rede apenas por meio dos telefones móveis. 

Vídeos on-line, troca de mensagens instantâneas, ouvir música e acompanhar redes sociais são os principais motivos em se estar conectado ao máximo e onde esses jovens estiverem. “A presença das tecnologias digitais móveis nas mãos dos adolescentes e jovens brasileiros é crescente e se igualará aos dos chamados países desenvolvidos em pouco tempo. Logo, a preocupação com o uso correto é justificável e necessário. A internet abre as portas para ‘universo virtualizado’ que é atrativo e desperta curiosidades. Praticamente todos os conteúdos, conhecimentos, histórias, eventos ou notícias estão ao alcance de alguns cliques”, explica Elias Estevão Goulart, professor do mestrado rofissional em Comunicação e do mestrado profissional em Educação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

Os resultados do levantamento mostram que atividades como conversar com pessoas de outras cidades, países ou culturas (40%) ou participar de página ou grupo para bater papo sobre assuntos que gostam (36%) foram mais frequentes do que aquelas mais relacionadas à participação política, como conversar sobre problemas da cidade ou do País (12%) e participar de campanhas ou protestos (4%).

CUIDADOS

A pesquisa nacional revela ainda que 70% dos pais ou responsáveis acreditam que as crianças e adolescentes fazem uso seguro da internet. Por outro lado, 50% desses usuários relatam que os adultos sabem mais ou menos ou nada sobre suas atividades no mundo virtual; 70% tinham a percepção de que sabem muitas coisas sobre como usar a rede e 76% de que sabem além do que seus pais.

Goulart diz que “estudos têm mostrado que os adultos têm receios de cometer erros, de perder informações, de ‘estragar’ o programa e de ‘quebrar’ a máquina. Por outro lado, crianças e jovens empregam o método da tentativa e erro. Esse fato cria defasagem que amedronta os pais, com toda a razão, e requer que esses adultos aprendam também. Essa é minha principal sugestão ou que se apoiem em quem conhece para poder acompanhar os filhos, ao menos de longe”.

Mesmo em meio a tanta informação e conecções positivas, a rede mundial oferece riscos como qualquer outra ferramenta. De acordo com os dados obtidos, 22% das crianças e adolescentes já foram tratados de forma ofensiva, de maneira que não gostaram ou que os chateou. Outro problema apontado foi que 42% dos entrevistados tiveram contato on-line com alguém que não conheciam pessoalmente, sendo 27% dessas comunicações feitas por meio de redes sociais e 21% por meio de serviços de mensagens instantâneas. O total de 22% chega para aqueles que afirmaram efetivamente terem encontrado pessoalmente com um indivíduo que conheceram na web. 

EDUCAÇÃO E RELACIONAMENTOS

Outro ponto a ser discutido com ajuda dos dados coletados pela TIC Kids Online Brasil são as facilidades trazidas aos usuários pelos smartphones, fazendo com que alunos os levem para dentro das salas de aula. Na opinião do docente da USCS, os educadores não podem impedir a prática. 

“A situação por trás dessa questão é o uso adequado da tecnologia móvel. A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), por exemplo, recomenda a apropriação dessas tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem. Se é oferecido arcabouço integrado de soluções, de ferramentas ou aparatos tecnológicos ao processo educacional, a influência poderá ser tremendamente positiva”, comenta Goulart. “Agora, se o aluno é orientado a tarefas sem reflexões, sem a elaboração de processos cognitivos associados, o simples emprego burocrático da internet para fazer ‘pesquisas on-line’ não durará cinco minutos. Rapidamente outras coisas estimularão o interesse dele e o rendimento escolar pode ser drasticamente prejudicado. Tenho afirmado que as tecnologias não substituirão os docentes no futuro, mas docentes que usam a tecnologia digital substituirão os que não a usam.”

Sobre o impacto desses hábitos modernos na relação pessoal no mundo real, a presença da tecnologia tem capacidade de ser negativa no dia a dia. “ Nós somos seres sociais, gostamos de nos relacionar, e essas tecnologias ampliaram nosso poder de relacionamentos. Com elas, por exemplo, posso me aproximar dos netos que vivem no Exterior. Contudo, somos limitados e o tempo consumido nas relações virtuais retira o tempo das relações presenciais. Assim é possível ver ao redor das mesas, inclusive nos lares, as pessoas conectadas no mundo virtual e perdendo-se nas relações talvez mais preciosas ao nosso lado”, completa o especialista.  




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