Setecidades Titulo Alerta
Febre amarela ainda é ameaça ao Grande ABC

Apenas 53% dos moradores estão vacinados contra a doença; férias e o verão preocupam

Juliana Stern
Especial para o Diário
03/12/2018 | 07:00
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


 

O Grande ABC tem cobertura vacinal insuficiente contra a febre amarela. Das sete cidades, apenas São Caetano imunizou mais do que 95% da população, índice recomendado pelo Ministério da Saúde para uma proteção eficaz. No geral, apenas 53% dos 2,7 milhões de moradores estão protegidos, conforme levantamento do Diário junto às prefeituras.

O cenário preocupa especialistas, tendo em vista a chegada do verão – período propício para a proliferação de vetores da doença – e a procura pelo Litoral e áreas de mata – habitat dos mosquitos – como destinos para as férias de fim de ano. Neste ano, o Grande ABC contabilizou nove casos da doença, sendo oito importados e um autóctone, em São Bernardo. Não houve mortes.

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, pela primeira vez, o vírus da febre amarela está circulando durante a época de calor – quando a reprodução do mosquito transmissor é mais intensa – pelo Litoral. Para evitar o registro de novos casos da doença, que contabilizou surto no início do ano, a vacinação é essencial. No entanto, diferentemente das cenas de filas quilométricas nos postos de Saúde, como ocorreu em janeiro, UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da região registram baixa procura pela imunização, mesmo gratuita.

Para a diretora técnica de imunização da Secretaria de Estado da Saúde, Helena Sato, é fundamental que quem ainda não foi vacinado providencie a proteção o mais rápido possível, principalmente entre as sete cidades. “Os corredores ecológicos são a região que contêm o habitat do vetor do vírus, que no caso da febre amarela é a Mata Atlântica. Por isso, a vacinação nestas regiões se torna prioridade, apesar de a doença estar no ciclo silvestre.” A febre amarela silvestre é transmitida pelos mosquitos Haemagogus ou Sabethes. O Aedes aegipty só se torna o vetor no ciclo urbano.

Segundo dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, o Litoral paulista contabilizou nove casos positivos para febre amarela, quatro nas cidades do Litoral Norte – três em São Sebastião e um em Ubatuba –, cinco na Baixada Santista (três em Peruíbe, um no Guarujá, um em Itanhaém e um – autóctone – em São Vicente). A Baixada Santista, que deve receber dois milhões de turistas durante a temporada de férias de verão, tem apenas 55% de cobertura vacinal.

De acordo com o biólogo do CRBio (Conselho Regional de Biologia) da primeira região (que contempla São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Horácio Teles, devido ao aumento do vetor da doença, as pessoas têm que priorizar a imunização. “É de extrema importância alertar para a necessidade da vacina, pois é a única forma de garantir a proteção contra a febre amarela.”

O uso de repelentes e evitar regiões de mata também são formas de prevenção, mas não muito confiáveis, segundo o biólogo. “O repelente precisa de uma manutenção depois de algumas horas, e as pessoas esquecem de passar, é normal. O mais certo seria se afastar de áreas de mata, apesar do turismo característico desta época”, observa Teles. Vale lembrar aos que estão programando viagem, que a vacina deve ser aplicada com pelo menos dez dias de antecedência de um possível contato com o vetor da febre amarela.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;