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Unicef pede colaboraçao de países ricos no combate à Aids
Por Do Diário do Grande ABC
22/07/1999 | 11:18
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Cerca de cinqüenta por cento dos pobres no mundo sao menores, assinala a Unicef em um informe anual sobre ``O progresso das naçoes', pedindo aos países ricos que reduzam a dívida dos países pobres e os ajudem a enfrentar ``a emergência da Aids'.

A Aids, indica o Fundo das Naçoes Unidas para a Infância, está cobrando ``um pesado tributo' entre as mulheres e as crianças, principalmente na Africa. Dos 590 mil menores infectados em 1998 no mundo, 530 mil o foram na Africa. Dos 14 milhoes de pessoas que morreram de Aids em todo o mundo, 11 milhoes viviam no continente africano e um quarto dela era menores. A cada dia, ``mais de 7 mil jovens sao infectados no mundo, assim como 1.600 menores de 15 anos', acrescenta o informe. Na Africa, onde ``nove de cada dez pessoas soropositivas nao sabem que sao', a epidemia tem sido ``uma torrente que se desencadeou sobre Malaui, Zambia, Zimbabue, Botsuana e Africa do Sul' e se estende agora para a Asia, onde a India já conta com ``quatro milhoes de soropositivos'.

As crianças que sobreviverem a seus pais aumentarao o número dos ``órfaos da Aids', que já sao oito milhoes no mundo, 90% deles na Africa sub-saariana. Uganda é o país com maior número de órfaos: 1,1 milhao, seguida da Etiópia, com 700 mil. Entre 1994 e 1997, o número de órfaos aumentou 400% na Namíbia, na Africa do Sul, no Camboja e na India, 300% na Venezuela e Vietna, 200% na Colômbia, Paquistao e Nigéria. A Aids contribui para a desintegraçao das famílias e mina as forças da sociedade. Em Zimbabue, a enfermidade consumirá 60% do orçamento de Saúde em 2005.

A questao financeira é pois essencial. A Unicef lembra que as terapias modernas antiAids sao inacessíveis para os países pobres e que estes ``necessitam com toda urgência' de recursos para combater e evitar a epidemia. Principalmente porque nesses países nem toda a populaçao tem acesso aos serviços sociais básicos (saúde, nutriçao, educaçao, etc). O maior obstáculo tem sido até agora sua dívida externa. A título de exemplo, a Africa sub-saariana deve ``US$ 200 bilhoes'. Esta dívida esmagadora representa mais de 300% do PIB da Nicarágua ou da Somália, mais de 200% do PIB de Angola e Mauritânia e mais de 100% do PIB de Honduras, Laos, Mali e Burundi.

Ao confiscar os recursos, a dívida externa priva os menores de vacinas, de atendimento médico e de escolas: no Quênia, ou em Malaui, seu reembolso absorve 40% dos gastos públicos, enquanto aos serviços sociais sao destinados somente 7 a 13% desses gastos. O Brasil destina 20% de suas despesas púbicas ao pagamento da dívida e 9% ao setor social.

O futuro desses menores está ``hipotecado pelos bancos e governos dos países ricos', denuncia a Unicef, destacando que ``cada bebê que nasce hoje na Mauritânia começa sua vida com uma dívida de US$ 997'.

Apesar de tudo, este ano, quando se completa o décimo aniversário da Convençao da ONU sobre os Direitos do Menor, nao está vazio de esperanças. A Unicef confirma a respeito a próxima erradicaçao da poliomielite: entre 1997 e 1998, 450 milhoes de menores foram vacinados em todo o mundo e desde 1988 o número de casos declarados caiu 86% e só se registraram casos em 33 países.




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