Severino Cavalcanti (PP) está feliz. Aos 77 anos, prepara-se para disputar a prefeitura de João Alfredo, onde nasceu, no agreste pernambucano, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB). Os dois partidos integram sua coligação, que também inclui o PR. "Vou ter uma votação consagradora", assegurou.

A fórmula para sua eleição lhe parece infalível: garante ser amado pelo povo do município - de menos de 30 mil habitantes - e afirma ter condição de cumprir a principal promessa de campanha, que será a de instalar em João Alfredo um forte distrito industrial, capaz de absorver a mão-de-obra local. "Serei um prefeito com bom relacionamento e acesso ao governo federal, ao governo estadual e ao empresariado do País", afirma.

"Tenho certeza de que vou sensibilizar empresários a levar indústrias para João Alfredo", explica.

RENÚNCIA - Três vezes deputado federal, sete vezes deputado estadual e prefeito de João Alfredo por dois anos e meio na década de 1960, Severino renunciou à presidência da Câmara dos Deputados e ao seu mandato, em setembro de 2005, depois de denúncia de recebimento de propina para manter a concessão de um restaurante na Câmara.

Prometeu voltar, mas não conseguiu em 2006. Com 53 mil votos (30 mil a menos do total obtido na eleição anterior para deputado federal) ficou como primeiro suplente.

Para Severino, o episódio que o levou à renúncia não terá peso na campanha deste ano. Afirma que o povo o conhece e sabe da sua dedicação e honestidade e que o próprio presidente Lula já o defendeu publicamente. Em março, numa cerimônia de assinatura de obras do PAC, no Recife, o presidente expressou o seu respeito e carinho pelo aliado envolvido em denúncia de corrupção, referindo-se a ele como "vítima de conspiração das elites".