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Metalúrgicos da CUT iniciam campanha salarial
Por Tauana Marin e Soraia Abreu Pedrozo
13/07/2010 | 07:14
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Iniciam hoje as negociações da campanha salarial dos metalúrgicos da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Estado de São Paulo, cuja data-base é 1º de setembro.

A categoria se reunirá nesta tarde - na sede Federação, em São Bernardo - com a entidade patronal do grupo 3 (que representa os setores de autopeças, forjaria e parafusos), com 150 mil trabalhadores.

Na lista das reivindicações dos trabalhadores estão a reposição integral da inflação; o aumento real nos salários; a valorização nos pisos; a jornada de 40 horas semanais, sem redução nos salários e o direito a licença maternidade de 180 dias.

Segundo o presidente da FEM-CUT (Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT São Paulo), Valmir Marques, o Biro Biro, a entidade representa 250 mil trabalhadores. Apenas o grupo 3 corresponde a 150 mil metalúrgicos.

A entidade não revela os índices que irá propor para a classe patronal pois o sigilo faz parte da estratégia de negociação. Porém, segundo Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, é esperado que o reajuste para a categoria seja cerca de 7% sobre o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) deste ano. A afirmação foi feita durante um evento no fim de junho.

No ano passado, a convenção coletiva firmada para as montadoras foi de 6,53% de reajuste salarial. Em 2008, foram 11,01%. A queda do reajuste anual foi reflexo da crise financeira mundial, que teve início em setembro de 2008, o que afetou a categoria fortemente até o segundo semestre de 2009.

Força Sindical - Embora a campanha salarial da Força Sindical tenha início somente em agosto, a bandeira da central sindical concorda com a CUT em pedir a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Outra questão abordada será a elevação do piso salarial, hoje entre R$ 900 e R$ 1.000, informa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino, o Martinha. "Nossa meta é alcançar os R$ 2.000 propostos pelo Dieese como o piso ideal para a categoria."

Em 2009, o sindicato conquistou aumento real entre 2% e 2,5% nos salários. Para este ano, o objetivo é pelo menos dobrar o percentual, chegando a até 6% de alta. "O piso não pode ser muito baixo, pois as empresas adotam a rotatividade de funcionários e mascaram o aumento, admitindo com salários menores", diz Martinha. (Colaborou Paula Cabrera)

Conquistas sindicais começaram há 50 anos

Não é de hoje que as conquistas do setor metalúrgico mostram sua força. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC completou neste ano 51 anos de existência, em uma trajetória que marcou época: nas décadas de 1970 e 1980, tornando-se referência na luta pela redemocratização do País.

O setor metalúrgico foi o primeiro a se organizar dentro da CUT (Central Única dos Trabalhadores no Estado de São Paulo) e, em 1988, foi fundado o Departamento Estadual de Metalúrgicos. O passo seguinte foi fundar a FEM-CUT/SP (Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT do Estado de São Paulo), em 1992.

Na avaliação de Carlos Grana, presidente licenciado da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, os avanços obtidos pela categoria ao longo desses anos se deve principalmente a três fatores.

O primeiro deles é o histórico. Pelo tempo de atuação junto aos trabalhadores, os sindicatos foram acumulando experiência e força política. Contribuiram a isso o alto número de metalúrgicos que se mobilizam há anos.

O segundo ponto é o fator econômico, pois, por trás dos trabalhores, principalmente no Grande ABC, está a indústria automotiva, com grandes montadoras que têm poder financeiro para aderir às negociações. "Com eles temos espaço para negociar. E não só a categoria dos metalúrgicos, como a dos químicos, que hoje têm jornada de trabalho menor que a nossa, de apenas 37 horas e meia, e a dos rodoviários, que possuem o melhor piso salarial", aponta Grana.

O terceiro motivo é a organização dos sindicatos com os trabalhadores. "Estamos muito enraizados dentro das fábricas, com comitês sindicais nas empresas". Para Grana, a categoria vive período de maturidade que serve de exemplo a outros setores. EM

Melhorias - As melhorias das condições de trabalho conquistadas merecem destaque, avalia o presidente da FEM-CUT (Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT São Paulo), Valmir Marques, o Biro Biro.

Segundo ele, não precisa voltar muito no tempo. A campanha salarial do ano passado, por exemplo, mostrou avanços "significativos e históricos". "Nas montadoras e nos grupos 2 e 3 (máquinas e eletrônicos; autopeças, forjaria, parafusos, respectivamente), conquistamos a cláusula que cria os Programas de Formação e Qualificação."

O acordo propõe regras e condições para a participação voluntária dos trabalhadores em programas de formação em variados temas, como: prevenção a acidentes; qualidade de vida no trabalho; saúde e segurança no trabalho e combate à eclosão das doenças profissionais, bem como ao vício de todo tipo de droga, entre outros.

O presidente da FEM também lembrou a conquista da volta da cláusula que garante estabilidade no emprego até a aposentadoria para os trabalhadores portadores de doença profissional do grupo 3.

A categoria metalúrgica cutista conquistou este direito em 1985, que permaneceu na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) do grupo até 2001. A partir daquele ano, houve impasse entre o setor e a Federação e esse direito passou a ser assegurado aos trabalhadores por medida judicial.

Outro avanço, destacado por Biro Biro também neste grupo foi a cláusula que propõe a criação de uma comissão, que formulará propostas para combater a rotatividade no setor. "Além disso, não podemos esquecer, é claro, que a categoria conquistou a mudança da data-base do grupo 10 (setor de lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação, material bélico, entre outros) - que antes era 1º novembro - para 1º de setembro. "Agora, todas as seis bancadas patronais estão unificados em um único mês, para nós esta conquista será inesquecível", conta.

A Federação é composta, atualmente, por 12 sindicatos metalúrgicos filiados em todo o Estado e negocia com seis bancadas: montadoras (representada pelo Sinfavea - Sindicato Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), grupo 2 (máquinas e eletrônicos); grupo 3 (autopeças, forjaria, parafusos); grupo 8 (trefilação, laminação de metais ferrosos; refrigeração, equipamentos ferroviários, rodoviários); grupo 10 (lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação, material bélico entre outros) e fundição.




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