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Cemitérios municipais colecionam problemas entre as sete cidades

Ausência de manutenção é principal crítica entre moradores; cenário de abandono é agravado a cada ano

Por Bia Moço
06/01/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Problema antigo da região, a situação de precariedade dos cemitérios municipais se mantém a cada ano. Sob responsabilidade das prefeituras, a manutenção dos espaços é negligenciada, situação que recebe críticas por parte dos moradores. A equipe do Diário percorreu unidades em Santo André, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires e constatou o cenário de abandono, tendo em vista a presença de mato alto, lixo, jazigos deteriorados, furtos de itens de metal e mau cheiro.

Em Santo André, o Cemitério Cristo Redentor, na Vila Pires, ganhou atenção da Prefeitura após temporal derrubar um dos muros e deixar expostos restos mortais, em novembro. Conforme moradores do entorno, desde que a estrutura ruiu, é preciso conviver com cheiro forte de chorume em dias quentes.

Munícipes ouvidos pela equipe do Diário relataram insatisfação com a situação do cemitério. O principal receio é o de que haja novos episódios de desmoronamento de muro ou jazigos.

Já em São Caetano, embora a administração pública tenha criado comissão para realizar vistoria nos espaços, no início do ano passado, velhos problemas continuam incomodando. O grupo constatou, em março, que 283 jazigos necessitavam de manutenção. De lá para cá, o cenário melhorou. No entanto, ainda não é o ideal.

O cemitério que continua com a situação mais complicada é o das Lágrimas, no bairro Mauá. Na parte de baixo do espaço ainda há mato alto e sujeira. Já as gavetas permanecem deterioradas, inclusive com pichação.

A dona de casa Sara Castro, 51 anos, tem pai, tios e avós enterrados no espaço. Para ela, é preciso reforma. “Temos problema na cidade com a questão de arborização.”

Já no Cemitério da Saudade, no bairro Cerâmica, também em São Caetano, situação conhecida pela população se mantém: furto de itens de cobre. Embora trabalhadores do local afirmem que o efetivo da GCM (Guarda Civil Municipal) tenha sido intensificado na região, as ocorrências persistem. A equipe do Diário contabilizou 15 jazigos furtados.

EM DIADEMA
O cemitério municipal de Diadema já foi palco de diversas situações problemáticas, dentre elas ossadas expostas, em 2002; furto de um corpo, em 2014; crânio encontrado exposto, em 2016; além de mau cheiro, lixo, mato alto e falta de manutenção.

A aposentada Marli Gueli, 61, disse que se arrependeu de enterrar a mãe, há um ano e meio, no equipamento. “Não existem limpeza, manutenção e reforma. Fora o atendimento, que é muito ruim. Tive uma péssima experiência e fiquei muito chateada.”

RIBEIRÃO PIRES
Alvo de polêmicas, o Cemitério São José, de Ribeirão Pires, segue em situação de abandono. Com 54,3 mil jazigos e o mesmo número de corpos enterrados, a área de 150 mil metros quadrados está tomada por mato e lixo. O mau cheiro já alcança a parte de fora do espaço e em alguns locais já não é possível enxergar os jazigos, já que a vegetação os esconde. Por não cumprir exigências da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a Prefeitura já foi multada em R$ 202.495,44, aplicadas por infrações cometidas desde 2014.

Por conta de erro da administração para encontrar espaço para novos sepultamentos, a comerciante Rosangela Ávila da Silva Montanini, 48, foi vítima do que chama de “descaso”, já que a exumação dos restos mortais de sua mãe foi feita antes do prazo agendado e os ossos foram perdidos. “Sinto revolta pela falta de respeito. Na época foi como se tivesse acabado de perder minha mãe de novo.”

Santo André fará vistoria nos equipamentos

Diante dos transtornos causados pela queda de parte do muro do Cemitério Cristo Redentor em 23 de novembro, em Santo André, a Prefeitura iniciou, no dia seguinte ao incidente, a reforma do cercado. A administração afirmou que a obra para reconstrução do espaço está em andamento e que solicitou para Defesa Civil vistoria em todos os cemitérios para verificação de situação.

Em nota, o Paço justificou que realiza “intenso trabalho de revitalização nos cemitérios municipais” e que diariamente faz limpeza e manutenção dos espaços públicos. Para 2019, há projeto de reforma da administração e velório do Cemitério Sagrado Coração de Jesus, no Camilópolis.

Quanto aos equipamentos de São Caetano, a Prefeitura informou, em nota, que a comissão que avalia os cemitérios foi criada por meio de processo municipal e é formada por três integrantes (dois arquitetos e um engenheiro civil). De acordo com a administração pública, desde outubro novo contrato de prestação de serviços para os cemitérios e velório do município foi firmado. A empresa contratada fica responsável pela manutenção, conservação e limpeza destes locais.

Ribeirão Pires esclareceu que “não há superlotação” do cemitério e justificou que o período de chuva intensificou o crescimento de mato. Em relação à multa aplicada pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a administração disse que foi cumprido o tratado. A Cesteb comentou que relatório entregue pelo Paço sobre o local está em análise.

A Prefeitura de Diadema não retornou aos contatos do Diário até o fechamento desta edição.




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