"Nao quero participar da ruína da Rússia e da instauraçao de um regime autoritário", declarou Berezovski à agência Interfax, precisando que na próxima quarta-feira apresentará sua demissao à Duma (câmara baixa do Parlamento).

Berezovski, 54 anos, um dos oligarcas que mais aproveitou seus estreitos vínculos com o Kremlin na época de Yeltsin para formar uma imensa fortuna pessoal, começou há algum tempo a opor-se ao presidente Putin, acusando-o de usar métodos próprios do regime soviético e criticando principalmente a reforma das regioes, destinada a diminuir o poder regional em favor do poder central. Também se opôs à política aplicada na Chechênia, apelando a Putin que iniciasse negociaçoes com os separatistas.

Berezovski escolheu quarta-feira para apresentar sua demissao ante a Duma precisamente quando esta tem previsto aprovar a reforma das regioes. Se a proposta conseguir a maioria de dois terços, como prevêem os observadores, a reforma será possível, apesar da oposiçao do Conselho da Federaçao (câmara alta do Parlamento).

Enquanto outros oligarcas têm atualmente problemas com a justiça, que os acusa de práticas fraudulentas ou de corrupçao, Berezovski se viu excluído graças às relaçoes privilegiadas que até há pouco mantinha com o Kremlin, segundo a imprensa.

Tanto que nao figura como acusado em nenhum processo, apesar de na sexta-feira depor como testemunha no "caso Aeroflot" sobre o desvio de vários milhoes de dólares. Ao se demitir, Berezovski perde sua inmunidade parlamentar.

Berezovski se vangloria de ter um papel determinante nos assuntos do Estado, da nomeaçao de um primeiro-ministro até a designaçao de Putin como herdeiro de Yeltsin. Mas sua influência se viu consideravelmente reduzida depois da chegada de Putin ao poder.

O presidente prometeu controlar os oligarcas, dando a entender que ia dar fim à imunidade da qual vinham desfrutando.