O comércio varejista eliminou 4.319 postos formais de trabalho (com carteira assinada) no acumulado de 12 meses até abril, segundo levantamento feito pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho. Em abril, o saldo (diferença entre admissões e demissões) ficou negativo em 542 vagas.

O assessor econômico da FecomercioSP Jaime Vasconcellos explica que os cortes de mão de obra são consequência direta da redução no faturamento. No ano encerrado em abril, o varejo da região registrou queda real (descontada a inflação) de 7,6% na comparação com o período entre maio de 2014 e abril de 2015. Em números absolutos, a receita foi R$ 2,571 bilhões menor.

“Há um movimento muito ruim acontecendo. Além da inflação em alta e do elevado grau de endividamento da população, temos uma situação que é o desemprego alimentando o desemprego, o que reduz a massa salarial da população e, consequentemente, o consumo”, comenta Vasconcellos. Considerando todos os ramos de atividade, a região cortou 46,7 mil empregos formais no período de 12 meses até abril.

Esse círculo vicioso, acrescenta, é gerado pelas demissões em outros setores, como indústria e serviços. Sem emprego, os trabalhadores desses segmentos deixam de gastar no comércio, fazendo com que também haja cortes nessa área. “É difícil imaginar uma saída que não seja frear o desemprego”, assinala.

Para que isso aconteça, o economista pontua que são necessárias mudanças nos cenários político e econômico que promovam otimismo. “Se o empresário tem mais confiança, acaba investindo e contratando mais. Esse momento depende de medidas que não onerem ainda mais as empresas e os trabalhadores.”