A Expresso Guarará, uma das operadoras do transporte público de Santo André, colocou como procurador da empresa Walter Bassan Jardim, bacharel em Direito. O documento registrado em cartório no dia 11 de novembro mostra outro gestor além de Claudinei Brogliato, sócio-administrador da Suzantur e que se apresentou no início do mês como responsável pela companhia de ônibus andreense.

Dono da Guarará, Silvio Passarelli passou a Jardim “amplos, gerais e ilimitados” poderes para que o advogado pudesse, em nome da firma, dialogar com instituições financeiras, movimentar contas, assinar correspondência da Guarará, representar a empresa em repartições públicas – como INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Ministério do Trabalho, Receita Federal e delegacias –, responder em ações judiciais e administrar livremente os bens da transportadora.

(Jardim está apto a) Gerir e administrar livremente todos os seus bens, negócios e haveres, independentemente de valores, podendo realizar pagamentos, comprar e/ou vender, firmar compromisso de compra e/ou venda, ceder, alugar, compromissar, receber e dar em pagamento, em hipoteca ou em alienação fiduciária, adquirir, alienar, onerar e gravar quaisquer bens móveis, imóveis, veículos (…) e demais pertences de propriedade e/ou em nome da outorgante no caso, a Guarará)”, escreveu Passarelli ao passar poderes para Jardim. Com a autorização, ele poderia até mesmo vender a empresa.

Na prática, Jardim pode executar o serviço hoje a cargo de Brogliato. Em entrevista ao Diário há três semanas, o dono da Suzantur relatou que Walter Jardim era procurador, mas, um dia depois, revelou também ter procuração para gerir a Expresso Guarará por tempo determinado. Brogliato se apresentou como procurador da Guarará à Prefeitura de Santo André, conforme revelou o secretário de Governo, Arlindo José de Lima (PT).

Como gestor temporário, Brogliato foi responsável por reaver 14 ônibus apreendidos pela Caruana Financeira pela falta de pagamento por parte de Guarará. Ele também confirmou que tem conversado a respeito das dívidas da Guarará – somente com a SATrans, empresa pública que administra o sistema, o passivo é de R$ 15 milhões.

Curiosamente, Walter Bassan Jardim é morador de Suzano, cidade onde está instalada a Suzantur, de propriedade de Brogliato.

Silvio Passarelli não retornou aos contatos da equipe do Diário para explicar o caso. Juridicamente, há possibilidade de conceder procuração a mais de uma pessoa, com limites de atuação. 

Coletivos seguem em ciclovia após fim de prazo

Ônibus da Expresso Guarará continuam estacionados em ciclovia ao lado do Terminal Vila Luzita, apesar de ter encerrado acordo extraoficial firmado entre a Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos de Santo André com a empresa responsável pelo ponto final da Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo.

Ontem, a equipe do Diário esteve no local e constatou que o espaço que era para ser destinado exclusivamente aos ciclistas está ocupado por coletivos da Expresso Guarará. O cenário é constante desde o início do ano, mas a Prefeitura de Santo André havia afirmado que existia parceria com a firma.

O acordo, segundo o Paço com duração de 20 dias, consistia em liberar a área aos ônibus enquanto a Expresso Guarará não tivesse alugado ou adquirido galpão na região para o estacionamento dos veículos. A estimativa inicial da administração andreense era inaugurar a ciclovia no fim do mês – ou seja, até segunda-feira.

Para abrir oficialmente a ciclovia, reparos terão de ser feitos. Como a via foi utilizada por ônibus, pintura e sinalização exclusivas estão danificadas. Apesar desses problemas, já há usuários do sistema, que diariamente duelam com os coletivos por espaço para continuar a travessa de bicicleta pela Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo.

Ainda não há definição oficial a respeito do galpão que a Expresso Guarará ficou de alugar para retirada dos carros da ciclovia ao lado do Terminal Vila Luzita. A empresa enfrenta grave problema financeiro.

A Prefeitura de Santo André não respondeu os questionamentos do Diário.

MAUÁ

Ontem, foram flagrados também ônibus da Suzantur, operadora do sistema, estacionados em faixa amarela ao lado do Terminal Mauá. O caso foi relatado pelo Diário na semana passada, mas a Secretaria de Mobilidade Urbana havia conseguido resolver o problema. Porém, o desrespeito à lei voltou na cidade.